A gigante americana do chocolate enfrenta alta nas tarifas e queda nas vendas, enquanto busca mitigar impactos inflacionários e proteger margens
A Hershey Company está em busca de uma isenção do governo dos Estados Unidos para mitigar os pesados impactos tarifários que ameaçam comprometer significativamente seus resultados financeiros em 2025. A medida é focada especialmente nas tarifas incidentes sobre o cacau – matéria-prima essencial para os produtos da companhia, que não é cultivada em solo americano.
Segundo o diretor financeiro da empresa, Steven Voskuil, os custos relacionados às tarifas podem alcançar US$ 100 milhões por trimestre no segundo semestre deste ano, totalizando até US$ 200 milhões até o fim de 2025. “Dois terços desse impacto vêm diretamente do cacau e das tarifas retaliatórias do Canadá”, afirmou o executivo, destacando que a empresa está mobilizando todos os recursos possíveis para sensibilizar o governo sobre a necessidade de revisão dessas tarifas.
A presidente e CEO da Hershey, Michele Buck, reforçou que, apesar de a empresa ter uma exposição menor a tarifas que outras indústrias por sua base de produção majoritariamente doméstica, o cacau representa um desafio particular. “Estamos nos envolvendo com o governo dos EUA para buscar uma isenção, considerando que o cacau não pode ser cultivado no país”, declarou.
Mesmo com uma leve recuperação nos preços do cacau recentemente, Buck destacou que o mercado permanece volátil e desconectado dos fundamentos econômicos devido à baixa liquidez, especulação e alterações políticas globais. Ainda assim, ela vê com otimismo a perspectiva de uma safra global 20% maior em 2024-25, o que pode ajudar a reequilibrar a oferta.
Queda nas vendas e mudança de comportamento do consumidor
Além dos desafios tarifários, a Hershey enfrenta queda nas vendas. No primeiro trimestre de 2025, a companhia registrou lucro líquido de US$ 224 milhões, uma retração de 71% em relação aos US$ 797 milhões obtidos no mesmo período do ano anterior. As vendas líquidas caíram 14%, totalizando US$ 2,8 bilhões.
Na América do Norte, o segmento de confeitaria – carro-chefe da Hershey – teve uma queda de 15% nas vendas líquidas. Por outro lado, os salgadinhos registraram crescimento, impulsionados especialmente pelos pretzels da marca Dot’s (alta de 21%) e a pipoca SkinnyPop (crescimento de 6,4%).
Michele Buck atribuiu a desaceleração ao enfraquecimento do sentimento do consumidor, mudanças nos padrões de mobilidade e um comportamento crescente de busca por valor. “A sazonalidade também impactou, com o final tardio da Páscoa prejudicando os números do trimestre”, disse.
Expectativas e estratégias para o segundo trimestre
A empresa projeta uma recuperação nas vendas no segundo trimestre, impulsionada pelas vendas completas da temporada de Páscoa e pelos resultados positivos dos pretzels Dot’s. A expectativa é de crescimento acima de 20% nas vendas líquidas trimestrais.
Com uma estratégia focada em preços, reformulação de embalagens, modelagem de demanda e ajustes no fornecimento, a Hershey pretende mitigar os impactos da inflação persistente do cacau e proteger suas margens no longo prazo. A empresa também prevê uma economia incremental de US$ 125 milhões ao longo de 2025 com sua nova plataforma de automação operacional.
SNAP e mudanças regulatórias
A Hershey também acompanha de perto a discussão em torno da exclusão de doces do programa federal de assistência nutricional (SNAP), embora a CEO minimize o impacto. “Apenas 2% das compras via SNAP são doces, e nossos produtos salgados são premium e permitidos. Não vemos grande risco de impacto direto”, afirmou.
Sobre a intenção da FDA de eliminar corantes artificiais derivados do petróleo, Buck disse que a Hershey já está bem posicionada para se adaptar, dado o trabalho prévio realizado nesse campo.
Fonte: mercadodocacau com informações bakingbusiness