A The Hershey Company divulgou nesta semana seus resultados financeiros referentes ao primeiro trimestre de 2025, revelando um desempenho impactado por pressões macroeconômicas e operacionais que pesaram sobre receita, margem e lucros. Apesar das adversidades, a companhia reitera sua estratégia de eficiência operacional e diversificação de portfólio como pilares para manter o crescimento sustentável ao longo do ano.
Desempenho financeiro pressionado
No período encerrado em 31 de março de 2025, a receita líquida da Hershey somou US$ 2,81 bilhões, queda de 13,8% em comparação ao mesmo trimestre de 2024. O lucro líquido ajustado foi de US$ 224,2 milhões, retração de 72% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Já o lucro por ação (LPA) alcançou US$ 2,09, acima das expectativas de analistas (US$ 1,94), mas ficou ofuscado pela forte redução na margem bruta, que caiu de 51,5% no 1T24 para 33,7% em 1T25.
Segundo a empresa, o principal fator por trás da compressão de margens foi o aumento expressivo nos custos de commodities, especialmente o cacau. Além disso, Hershey contabilizou perdas provenientes de derivativos financeiros e o impacto de novas tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos. A companhia estima que as taxas adicionais de importação somarão entre US$ 15 milhões e US$ 20 milhões no segundo trimestre de 2025, e poderão alcançar até US$ 100 milhões por trimestre ao longo do segundo semestre.
Outro elemento que contribuiu para o resultado mais fraco foi a queda de 15% nas vendas totais, reflexo de um nível de estoques elevado registrado no trimestre anterior, de uma Páscoa tardia em 2025 (que concentraram parte das compras no 2º trimestre) e de dois dias úteis a menos para envio de mercadorias em relação ao 1T24. Nas operações internacionais, as receitas caíram 15,9%, influenciadas pela redução de 8% no volume vendido e pelas dificuldades cambiais enfrentadas em várias regiões.
Pontos positivos e iniciativas de mitigação
Apesar do cenário adverso, alguns segmentos da Hershey apresentaram evolução positiva. O setor de snacks salgados na América do Norte registrou crescimento de 1% nas vendas, sustentado por marcas como Dot’s Pretzels e SkinnyPop. O desempenho dessa divisão ajudou a amenizar a queda na categoria de confeitaria tradicional e reforça a importância da diversificação de produtos na estratégia da companhia.
Além disso, a iniciativa interna “Advancing Agility & Automation” gerou economias de aproximadamente US$ 125 milhões no primeiro trimestre. O programa, que visa maior automação de processos industriais e logísticos, permitiu otimizar custos operacionais e reduzir desperdícios, compensando parte dos impactos provocados pelos custos mais elevados de matéria-prima.
A recente aquisição da marca LesserEvil — especializada em snacks “better-for-you” — também sinaliza o empenho da Hershey em ampliar seu portfólio com produtos de maior valor agregado e atender à demanda crescente por opções mais saudáveis. A empresa afirma que essa movimentação faz parte de um plano de longo prazo para ampliar sua presença em categorias adjacentes e diversificar as fontes de receita.
Perspectivas para 2025
Embora o 1T25 tenha refletido pressões significativas em indicadores-chave, a Hershey mantém a projeção de crescimento mínimo de 2% nas vendas líquidas para todo o ano fiscal de 2025. Por outro lado, a empresa revisou sua estimativa de LPA ajustado, esperando agora uma queda de 30% a 36% em comparação a 2024. Segundo a diretoria, essa redução prevista para o lucro por ação reflete a continuidade dos efeitos de tarifas, inflação de custos de commodities e despesas com integração de aquisições.
Em comunicado, a presidência da Hershey reforçou que os esforços em eficiência operacional, automação de plantas e diversificação de portfólio são as principais frentes para retomar níveis de rentabilidade mais sólidos. A companhia também anunciou que seguirá monitorando de perto a evolução das tarifas comerciais e as condições de oferta de cacau, uma vez que ambas têm impacto direto sobre os custos de produção.
Em síntese, o primeiro trimestre de 2025 deixa claro que Hershey enfrentará ainda desafios consideráveis decorrentes de custos elevados de matérias-primas e barreiras tarifárias. Em contrapartida, as iniciativas de automação, a expansão de snacks saudáveis e o foco na otimização de custos criam bases para que a empresa possa, ao longo dos próximos trimestres, recuperar margens e sustentar o crescimento em um ambiente de mercado cada vez mais competitivo.
Fonte: mercadodocacau