Por: Claudemir Zafalon
A recente mudança climática na Costa do Marfim, principal produtora mundial de cacau, está criando desafios para o setor. De acordo com um relatório divulgado pela Comissão de Comércio de Futuros de Commodities dos EUA (CFTC), os fundos que participam do mercado de cacau venderam 2.053 contratos entre os dias 15 e 22 de outubro, reduzindo suas posições líquidas para 34.375 contratos. Esse comportamento sugere uma cautela crescente em relação às previsões de colheita para os próximos meses.
As chuvas intensas que atingem o oeste e sudoeste do país desde o início de outubro estão diretamente impactando a safra principal, que ocorre entre outubro e março. De acordo com contadores de frutos e exportadores que realizam levantamentos técnicos mensais, a umidade excessiva prejudicou a taxa de sobrevivência das flores e dos pequenos frutos, conhecidos como “birrações”. Estes frutos, que passam por um ciclo de 22 semanas até se tornarem vagens maduras, têm enfrentado uma taxa de mortalidade mais alta do que o esperado.
Especialistas do setor, incluindo quatro contadores de frutos e seis exportadores, relataram que as flores estão caindo prematuramente devido ao excesso de água, reduzindo a formação de frutos nas árvores. Em setembro, a previsão para a safra principal era de 1,5 milhões de toneladas; no entanto, se as condições desfavoráveis persistirem, esse número pode cair para algo entre 1,30 e 1,35 milhões de toneladas.
Produtores Avaliam Colheita Atual
Nas cidades de Divo, Gagnoa, Soubre e Daloa, alguns plantadores demonstraram satisfação com o atual nível de produção, afirmando que a safra até agora supera a do ano anterior. No entanto, a escassez de flores e pequenos frutos necessária para manter uma alta produção após dezembro preocupa o setor.
O mercado global está atento a essas condições na Costa do Marfim, especialmente à medida que o clima continua afetando a qualidade e a quantidade do cacau disponível para exportação. Enquanto isso, mudanças no horário de abertura de Nova York após a entrada da Europa no horário de inverno também causam ajustes no mercado: agora, a bolsa americana passa a abrir às 6h45 no horário brasileiro, o que pode impactar o volume de negociações e as decisões de investimento.
A Costa do Marfim enfrenta um período desafiador para sustentar sua produção em níveis elevados, e o mercado segue atento à evolução climática e às movimentações dos fundos, que podem influenciar a volatilidade do preço do cacau nos próximos meses.
Fonte: mercadodocacau
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E a chuva ” MILAGREIRA ” não resolveu?
SEM FLOR NAO TEM FRUTO !