As indústrias de chocolate diminuíram os lançamentos para a Páscoa que será comemorada em 16 de abril, em resposta ao recuo de vendas visto um ano antes. As fabricantes apresentaram 120 novos produtos, ante 147 em 2015.
A expectativa é de um desempenho entre a estabilidade e um crescimento nominal de 10% na data mais importante para o setor no ano. Em 2016, foram produzidos 14,3 mil toneladas de chocolate para a Páscoa, o equivalente a 58 milhões de ovos. O volume, no entanto, foi 27,4% menor que as 19,7 mil toneladas fabricadas em 2015.
A Lacta, segunda colocada no mercado brasileiro, com participação de 32%, diminuiu o portfólio para 19 tipos de ovos de Páscoa neste ano, ante 37 em 2016. “Levamos em conta o comportamento de consumo e o ganho de eficiência para a indústria e o varejo”, disse Ricardo Reis, diretor de marketing da Mondelez. A companhia manteve sabores tradicionais como Sonho de Valsa, Diamante Negro e Laka, e adicionou nove itens, como o Bis Oreo. A empresa espera crescimento de um dígito na data.
A argentina Arcor diminuiu os lançamentos de 30, em 2016, para 19 neste ano. Com um portfólio mais conciso, conseguiu aumentar o poder de barganha com os fabricantes de brinquedos chineses e diminuir o custo. Outra estratégia, como em anos anteriores, foi criar embalagens menores. Em 2017, nenhum ovo de Páscoa da marca terá preço superior a R$ 40, diz Anderson Freire, gerente de marketing. “Tivemos que nos adequar à redução de volume e a um consumidor racional, que quer desembolsar menos na compra”, afirma. A expectativa é de leve crescimento.
A Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) considera que a última Páscoa foi atípica e, apesar da forte queda, o setor começou a mostrar recuperação nos meses seguintes. De janeiro a setembro de 2016, a produção de chocolate cresceu 13,2% em volume, ante igual período de 2015, para 393,4 mil toneladas.
De acordo com Ubiracy Fonseca, presidente da Abicab, as empresas preferiram ser mais conservadoras depois da decepção com o desempenho em 2016, recorrendo às marcas fortes e faixas de preço mais baixas. Mas o setor continuou a diversificar a oferta, com tamanhos variados e produtos para todos os bolsos.
A italiana Ferrero apresentou como novidades uma caixinha com seis bombons, a R$ 15, e uma versão grande do bombom Ferrero Rocher, de 125 gramas, a R$ 30, aumentando a gama de presentes mais em conta. Os ovos de Páscoa custam de R$ 48 a R$ 63 – para manter o preço de 2016, o peso do chocolate diminuiu.
A Garoto espera vendas melhores na Páscoa deste ano, pela base de comparação mais fraca e porque a data ficará mais distante do Carnaval do que em 2016. A empresa aumentou a opção de faixas de preço, principalmente a de R$ 20, com ovos recheados de tamanho pequeno a médio.
A Lacta informou reajuste de preço abaixo da inflação. A Garoto repassou os custos em linha com o índice. A Nestlé informou uma variação de 6% a 8%, justificada pelo aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e dos custos de matéria-prima. A Cacau Show e o grupo CRM, dono das franquias Brasil Cacau e Kopenhagen, elevaram os preços em 8%. A Arcor venderá os chocolates 6% mais caros.
O balanço da Páscoa ainda não está fechado porque as indústrias estão terminando a produção, mas as empresas esperam certa recuperação. “No ano passado, a Páscoa veio cedo, ainda no primeiro trimestre, e o consumidor teve menos tempo. Neste ano, além de estar mais adaptado ao cenário econômico, está mais propenso a presentear”, diz Keila Broedel, gerente de marketing da Garoto.
A Kinder, marca da Ferrero para o público infantil, espera uma Páscoa estável. A data representa 25% de suas vendas. “O consumidor continua cauteloso, buscando as marcas que já conhece”, afirmou Joana Oliveira, gerente de marketing da marca. A empresa manteve a quantidade de itens no portfólio, mas buscou licenças mais relevantes, como a dos filmes “Star Wars”.
A Cacau Show elevou a produção em 14%, principalmente para atender às novas lojas da rede, que somam 2.050 unidades. No ano passado, as vendas cresceram 18%, impulsionadas por promoções na véspera da data.
Renata Vichi, vice-presidente do grupo CRM, disse que a principal aposta foi a repaginação de embalagens e os produtos para presentear. A empresa trouxe 13 lançamentos e ampliou a produção em 10%.
O brasileiro consome 2,5 quilos, em média, de chocolate por ano, representando o quinto maior mercado do alimento no mundo. Entre os brasileiros, 63% costumam presentear com chocolates na Páscoa, segundo pesquisa do Ibope encomendada pela Abicab. Fonte: Valor