Por: Claudemir Zafalon
Movimentações financeiras globais e clima adverso na Costa do Marfim influenciam expectativas do setor
Os mercados financeiros vivem uma breve calmaria após a suspensão das tarifas sobre eletrônicos e uma sinalização do Federal Reserve (Fed) para a possível redução dos juros, com o objetivo de estimular a economia dos Estados Unidos. No entanto, a trégua nos ânimos parece frágil diante da persistente incerteza da guerra comercial em curso, o que pode trazer novas turbulências ao cenário global a qualquer momento.
Enquanto isso, o mercado de cacau opera em um ritmo cauteloso, à espera das moagens do primeiro trimestre de 2025 e da liquidação física do contrato de maio, marcada para o próximo dia 24. Nas últimas sessões, os contratos futuros não apresentaram uma direção clara, refletindo a indecisão dos investidores.
Na segunda-feira (14), o contrato de julho oscilou entre a mínima de US$ 8.100 e a máxima de US$ 8.535 por tonelada, encerrando o dia em US$ 8.159, com queda de US$ 281. O volume de negociações atingiu 9.872 contratos, e o volume total foi de 21.994 contratos. O interesse em aberto permaneceu estável em 91.697 contratos.
Nos Estados Unidos, os estoques certificados monitorados pela ICE tiveram um leve aumento, somando agora 1.883.691 sacas. Já o contrato futuro do real frente ao dólar, com vencimento em 30 de abril de 2025, segue estável em R$ 5,865, segundo dados da CME.
Atenção voltada ao clima na Costa do Marfim
No lado fundamental, a maior preocupação vem do campo. Na Costa do Marfim, maior produtor mundial de cacau, a escassez de chuvas está gerando alerta entre os agricultores, especialmente com relação à safra intermediária, que vai de abril a setembro.
Relatos de produtores nas regiões centrais, como Daloa, Bongouanou e Yamoussoukro, indicam que as plantações ainda não receberam a umidade necessária neste início da estação chuvosa — oficialmente de abril a meados de novembro. Sem as chuvas cruciais do mês de abril, teme-se que os grãos que chegam ao mercado no próximo mês sejam menores e de qualidade inferior à do ano passado.
A expectativa entre os agricultores é que a situação comece a melhorar com chuvas mais intensas nas próximas semanas, o que poderia beneficiar tanto os frutos jovens quanto os já maduros, melhorando as perspectivas para o fim da safra entre agosto e setembro. Ainda assim, muitos já não acreditam que a temporada intermediária alcance os volumes vistos no último ano.
Expectativa para os dados de moagem
Nesta quinta-feira, véspera de feriado prolongado, o mercado aguarda com atenção a divulgação das moagens do primeiro trimestre de 2025, indicador importante da demanda global. A moagem europeia será divulgada às 03h (horário de Brasília) e a da América do Norte às 17h. Os dados devem oferecer pistas importantes sobre o apetite dos consumidores por chocolate e derivados, além de influenciar diretamente a formação de preços no curto prazo.
Fonte: mercadodocacau