Por: Claudemir Zafalon
O clima político da Costa do Marfim sofreu um novo abalo nesta segunda-feira (12) após o principal líder da oposição, Tidjane Thiam, anunciar sua renúncia à presidência de seu partido. A decisão ocorre após sua exclusão da corrida presidencial de outubro por decisão judicial, sob a justificativa de que ele teria perdido a nacionalidade marfinense ao obter cidadania francesa em 1987.
Apesar de deixar a liderança formal da legenda, Thiam, de 62 anos, afirmou que continuará atuando como líder do movimento oposicionista, com o objetivo declarado de “lutar até a vitória nas urnas”. A retirada do nome de Thiam da lista de candidatos acirra ainda mais as tensões políticas no país, que é o maior produtor mundial de cacau e possui forte influência nos mercados internacionais de commodities agrícolas.
Mercado reage com cautela
A instabilidade política na Costa do Marfim continua sendo observada de perto pelos mercados futuros, especialmente no setor de cacau, que tem nos países da África Ocidental sua principal fonte de fornecimento.
Na última sexta-feira (9), o contrato de julho do cacau registrou forte volatilidade. As cotações oscilaram entre US$ 8.976 e US$ 9.414 por tonelada, encerrando o dia em US$ 9.187, com alta de US$ 119. Foram negociados 7.391 contratos, com um volume total de 16.107 contratos e interesse em aberto estável em 945.628 contratos.
Além disso, os estoques certificados monitorados pela ICE nos portos norte-americanos aumentaram 9.501 sacas, totalizando 2.112.558 sacas — uma leve recuperação após semanas de redução de oferta. Também foi registrada a entrega física de 1.088 contratos do vencimento de maio, sendo três novos recebidos pelo banco Société Générale (SOC GEN).
Enquanto isso, o contrato futuro do real frente ao dólar, com vencimento em 31 de junho na CME, segue estável na casa de R$ 5,69. Já o mercado de café arábica, também sensível às movimentações políticas e climáticas globais, não apresentou alterações significativas, embora permaneça em observação devido ao impacto do clima seco no Brasil.
Impacto político e econômico
A exclusão de Thiam da corrida presidencial representa não apenas um revés político para a oposição marfinense, mas também um fator de incerteza para investidores e analistas de commodities, que veem na instabilidade da Costa do Marfim uma ameaça ao equilíbrio da oferta global de cacau.
A eleição de outubro promete ser decisiva tanto para o futuro democrático do país quanto para o comportamento dos preços internacionais de produtos agrícolas sensíveis à geopolítica, como cacau e café. Com os estoques globais ainda pressionados e a inflação afetando cadeias produtivas, qualquer novo episódio de instabilidade pode impactar diretamente o mercado e o consumidor final.
Fonte: mercadodocacau