A Mondelez International iniciou 2025 sob intensa pressão da inflação das commodities, em especial do cacau, que atingiu patamares históricos e afetou diretamente sua estrutura de custos. Embora a companhia tenha registrado um crescimento orgânico de 3,1% na receita do primeiro trimestre — impulsionado pelos aumentos de preço em seu portfólio de chocolates —, o impacto severo do custo da matéria-prima comprometeu sua margem bruta e pressionou os lucros.
O lucro bruto da empresa sofreu queda expressiva, mesmo diante de uma execução eficiente no varejo e da fidelidade do consumidor a marcas como Oreo e Cadbury. A administração adotou uma estratégia robusta para mitigar os efeitos inflacionários, baseada em reajustes seletivos de preços, reestruturação de embalagens e gestão disciplinada de receita. Ainda assim, o mix de volume caiu 3,5%, reflexo tanto da elasticidade dos preços quanto da redução planejada no tamanho de embalagens. O cenário foi particularmente desafiador na América do Norte, onde a combinação de custo elevado do cacau e fraca demanda resultou em erosão do lucro operacional. Na Europa, os reajustes foram bem-sucedidos, mas não impediram a compressão nas margens.
Mesmo com ganhos de produtividade e compras favoráveis de outros insumos, os custos do cacau superaram qualquer alívio proporcionado, levando a uma queda de dois dígitos no lucro ajustado por ação. Ainda assim, a Mondelez segue bem posicionada para enfrentar a volatilidade do mercado de cacau. Seu portfólio resiliente, forte execução e foco em rentabilidade garantem fundamentos sólidos para preservar sua trajetória de crescimento.
No mercado financeiro, as ações da Mondelez refletem a confiança dos investidores na estabilidade da companhia. Nos últimos seis meses, os papéis da MDLZ acumularam valorização de 13,4%, superando amplamente o desempenho do setor de bens de consumo essenciais, que caiu 4%, e do índice S&P 500, que subiu 1,1%. A ação fechou recentemente a US$ 66,35, sendo negociada acima de sua média móvel de 200 dias (US$ 65,18), o que reforça o viés técnico positivo. Apesar de estar 12,8% abaixo da máxima de 52 semanas, alcançada em setembro de 2024, os indicadores apontam tendência de alta sustentada.
A avaliação atual da empresa também evidencia a percepção positiva do mercado. Com um índice P/L de 20,95 — superior à média do setor, que gira em torno de 15,72 —, a ação carrega um prêmio que reflete a confiança na capacidade da Mondelez de atravessar um ambiente de custos elevados sem comprometer sua competitividade. O sentimento otimista é corroborado pelas revisões para cima nas estimativas de lucros da Zacks: para o ano fiscal atual, a expectativa de lucro por ação subiu para US$ 3,02, com previsão de aumento para US$ 3,33 no próximo ano. A receita projetada também apresenta crescimento estável, com US$ 38,4 bilhões para 2025 e US$ 40,1 bilhões em 2026, avanços anuais de 5,3% e 4,5%, respectivamente.
Apesar do ambiente inflacionário desafiador, a Mondelez demonstra resiliência operacional, força de marca e disciplina estratégica. A expectativa é que, com a eventual estabilização dos preços do cacau e continuidade da execução focada em margens, a companhia consiga não apenas preservar sua base financeira, mas também reforçar sua posição como uma das líderes globais do setor de alimentos e confeitaria
Fonte: mercadodocacau com informações tradingview