Nigéria em Encruzilhada Econômica: Cacau Ressurge como Alternativa ao Petróleo

Com a escalada histórica dos preços globais do cacau e o encolhimento das receitas advindas do petróleo bruto, a Nigéria volta seus olhos para o agronegócio em busca de uma nova base de sustentação econômica. O país, que já foi referência no setor cacaueiro durante a década de 1960, tenta resgatar seu protagonismo em um cenário cada vez mais competitivo e desafiador.

Em 2006, a Nigéria produziu cerca de 485 mil toneladas de cacau, mas atualmente ocupa a quarta posição global, atrás da Costa do Marfim (1,67 milhão de toneladas), Gana (530 mil toneladas) e Equador. O declínio é simbólico: a “Casa do Cacau”, construída em Ibadan no auge do boom cacaueiro, permanece hoje como um monumento decadente à antiga glória agrícola do país.

Apesar da queda, especialistas destacam que o potencial da Nigéria é imenso. “A Nigéria pode se sair melhor do que seus vizinhos se se concentrar na agricultura e não no petróleo”, afirma Adeola Adegoke, presidente da Associação de Cacau da Nigéria (CFAN). Como sinal de uma possível guinada, o governo aprovou recentemente a criação de uma autoridade nacional do cacau, inspirada nos modelos da Costa do Marfim e Gana — países que conseguiram avanços significativos com apoio estatal, acesso a crédito e melhorias de infraestrutura.

Entretanto, o setor ainda enfrenta limitações significativas. Cerca de 87% a 90% da produção nacional é exportada in natura, enquanto as indústrias locais se limitam à produção de manteiga e pó de cacau. A falta de agregação de valor reduz drasticamente os ganhos da cadeia produtiva.

A retomada do setor esbarra em obstáculos críticos: insegurança no campo, conflitos entre agricultores e pastores, carência de infraestrutura rodoviária e ausência de financiamento acessível. “Os agricultores estão abandonando suas terras e os contratos não estão sendo honrados”, denuncia Adegoke. Além disso, o contrabando para países vizinhos e os contratos futuros com preços fixos limitam ainda mais a rentabilidade dos produtores.

O empreendedor Olasunkanmi Owoyemi, da Sunbeth Global Concepts, que está implantando uma fábrica de processamento no estado de Ogun, vê um horizonte promissor. “A indústria nigeriana do cacau ainda está viva e pode fazer muito mais. Temos terras abundantes e uma população jovem — mas precisamos de capacitação, pesquisa e crédito rural”, afirma.

Com cerca de 90% de suas exportações concentradas no petróleo, a Nigéria encontra-se em um momento decisivo. A urgência por diversificação econômica nunca foi tão evidente. Investir no cacau não é apenas uma alternativa viável — é uma necessidade estratégica para manter o país relevante na nova ordem agrícola global.

A situação da Nigéria reforça uma tendência mais ampla observada por plataformas especializadas, como a AgriSupp, da consultoria UkrAgroConsult, que acompanha em tempo real os movimentos de grãos e oleaginosas nos mercados do Mar Negro e Danúbio. A inteligência de mercado e o acesso a dados históricos tornam-se ferramentas essenciais para países que, como a Nigéria, buscam se reposicionar no agronegócio global.

Se conseguirá reconquistar seu lugar de destaque no mapa do cacau mundial, ainda é incerto. Mas o caminho, dizem especialistas e produtores, está traçado: pesquisa, investimento e vontade política serão os ingredientes-chave para transformar o solo fértil da Nigéria em solo próspero.

Fonte: mercadodocacau

com informações ukragroconsult

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