A Nigéria traçou metas ambiciosas para seu setor de cacau com o objetivo de arrecadar cerca de US$ 4 bilhões em receitas até 2026, representando cerca de 13% do mercado global, estimado em US$ 30,2 bilhões. O plano visa colocar o país novamente entre os líderes mundiais da produção de cacau, com uma meta de produção de 500 mil toneladas na safra 2024/2025 — o suficiente para garantir o quarto lugar no ranking global, atrás apenas da Costa do Marfim, Gana e Indonésia, segundo a Organização Internacional do Cacau (ICCO).
Apesar das recentes críticas dos Estados Unidos à taxa de 21% sobre o cacau originado da Nigéria e outros países africanos, analistas acreditam que os impactos serão mais sentidos por nações europeias, como Holanda, Alemanha e França, que devem continuar dominando o comércio global de produtos derivados do cacau. Dados do International Trade Center mostram que, apenas em 2024, a Holanda importou mais de US$ 807 milhões em produtos nigerianos de cacau, enquanto a Alemanha adquiriu cerca de US$ 400 milhões em grãos.
Exportações em alta e plano nacional para 10 anos
As exportações de cacau da Nigéria seguem em ritmo acelerado. Segundo o National Bureau of Statistics (NBS), o país exportou N1,54 trilhão em 2024 — salto expressivo frente aos N171 bilhões registrados no mesmo período de 2023. Em termos trimestrais, o crescimento também impressiona: um avanço de 92% no quarto trimestre de 2024, comparado aos N624 bilhões do trimestre anterior. Os lucros aumentaram 73% em relação ao mesmo intervalo, atingindo N890 bilhões.
Destacam-se as exportações de grãos de cacau de qualidade superior: N477,95 bilhões foram destinados à Holanda, e N108,09 bilhões à Malásia. Já grãos de qualidade padrão geraram N110,84 bilhões em exportações para a Holanda e N48,96 bilhões para a Bélgica.
Para garantir o crescimento sustentável do setor, o Governo Federal lançou oficialmente, em Abuja, um Comitê de Implementação Técnica para coordenar o Plano Nacional do Cacau de 10 anos, voltado à revitalização do setor até 2032. De acordo com o Ministro do Comércio e Investimento, Dr. Jumoke Oduwole, o plano está alinhado à “Agenda da Esperança Renovada”, que pretende gerar empregos e elevar a economia nigeriana para um patamar de US$ 1 trilhão até 2030.
“O cacau foi a base de nossa economia nos anos 70, e agora é o momento de restaurar sua relevância. O plano visa melhorar a produtividade, a qualidade e fortalecer a cadeia de valor com políticas consistentes e investimentos robustos”, afirmou o ministro, representado pelo Secretário Permanente, Embaixador Nura Abba Rimi.
Investimento de US$ 300 bilhões até 2032
O governo pretende mobilizar mais de US$ 300 bilhões em investimentos para o setor de cacau até 2032. A composição do financiamento prevê 27% provenientes do Governo Federal, 13% dos estados produtores, 5% de governos locais e 30% da iniciativa privada. Doadores internacionais e parceiros da indústria devem contribuir com os 25% restantes.
Dr. Victor Iyama, presidente do Conselho de Curadores da Associação do Cacau da Nigéria (CAN), destacou que a retomada do cultivo de cacau é visível em várias regiões e que, com a atuação coordenada do comitê, haverá um salto qualitativo e quantitativo na produção.
“O plano foi elaborado com ampla participação dos principais agentes do setor, como o Ministério da Agricultura, a CAN, a ICCO e o Afrieximbank, visando beneficiar todos os elos da cadeia produtiva, da lavoura à indústria”, afirmou Iyama.
Com o aumento global da demanda por derivados de cacau, especialmente das indústrias de alimentos, bebidas e confeitaria, a Nigéria vê uma oportunidade histórica de reposicionar-se como potência agrícola e reforçar seu papel no comércio internacional.
Fonte: mercadodocacau com informações newtelegraphng