A Dengo, desde que foi criada há dois anos criada por Guilherme Leal, co-fundador da Natura, e Estevan Sartorelli, compra amêndoas de cacau fino apenas do sul da Bahia, maior produtor do país. Na região, ela é a grande parceira dos “Personas de Origem”.
Não que a empresa não queira, nem valorize o cacau de outras regiões, como do Pará e do Espírito Santo, estados que são, respectivamente, o segundo e terceiro maior produtores da amêndoa e onde também se objetiva a qualidade.
“Às vezes aparecem produtores de outros estados querendo ser nosso fornecedor, mas aí explico que nosso foco atual é o sul da Bahia. Queremos deixar um legado, causar um impacto na região. E dispersar esforços é mais difícil de gerar impactos”, declarou o empresário Estevan Sartoreli, CEO co-fundador da Dengo.
Por enquanto, os impactos são estes: prêmio de preço médio em relação ao cacau comercial em 2018, de 81%; 138 produtores cadastrados como fornecedores; contribuição para a preservação de 9.423 hectares de Mata Atlântica, e manutenção do sistema cabruca (em que são cultivados os pés de cacau), numa área de 18.360 hectares.
“Começamos a rede de fornecedores com 6 produtores de cacau, e hoje temos essa quantia [informada acima]. Nosso objetivo é valorizar o pequeno e médio produtor de cacau, queremos resgatar a dignidade da atividade cacaueira. Entendemos que a sustentabilidade passa pela valorização da produção”, disse Sartoreli.
Um aspecto importante que difere a forma da Dengo atuar no mercado é que a empresa não compra o cacau como commodities, conforme o termômetro das bolsas de valores. “Compramos quando a amêndoa tem qualidade, com pelo menos 70% de fermentação. O aroma, a acidez e outras propriedades da amêndoa é que vai definir o seu valor”, comentou o executivo.
Na Dengo, o produtor da Bahia que busca ser fornecedor precisa entrar em contato com a empresa, que envia para a fazenda uma equipe responsável por analisar a produção. A amêndoa é enviada para análise no Centro de Inovação do Cacau (CIC) e depois de aprovada ainda passa por outros testes numa unidade de beneficiamento que a empresa tem em Ilhéus.
Os testes na própria Dengo, contudo, são apenas para direcionar a finalidade das amêndoas, para quais tipos de produtos elas serão mais adequadas – se para chocolates, amêndoas crocantes (que a empresa chama de pepitas), vendidas em saquinhos para serem comidas diretamente.
Sobre o “bean-to-bar” (da amêndoa à barra), modo de produção do chocolate que tem avançado no sul da Bahia, Sartoreli faz questão de dizer que “nós somos também” e que “é essa preocupação de ter maior rastreabilidade da origem [da amêndoa do cacau] à barra”.
O empresário observa que “existe um movimento, não só no Brasil, como no mundo, de várias marcas ligadas ao “bean-to-bar”, que é um modelo de integração da cadeia”.
Por enquanto, a Dengo ainda não tem uma loja na Bahia, ela vende mais seus produtos no sudeste do país.
“Mas nós existimos por causa da Bahia. Estamos contribuindo para a melhor reputação da qualidade do cacau e da renda do pequeno e médio produtor. Não somos a solução para a região superar a crise da vassoura-de-bruxa, somos parte da solução, junto com outros agentes envolvidos”, finalizou Sartoreli.
Ponte com o mercado
A segurança maior na compra de amêndoa de cacau especial por parte da Dengo vem das análises realizadas pelo Centro de Inovação do Cacau (CIC), na Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), onde o produtor que chega pela primeira vez não paga nada pela análise, mas nas seguintes o custo é de R$ 75. O laudo sai entre 10 a 15 dias, e hoje há cerca de 300 amostras na fila.
O CIC é um laboratório de classificação e análises físicas das amêndoas, ele analisa boas práticas de produção e consegue ter informação sobre fermentação, maturação, tempo de colheita, acidez e forma de armazenamento.
É feita ainda uma análise sensorial para avaliar qual a aptidão da amêndoa para se transformar em uma barra de chocolate, com notas de frutas, especiarias, etc. – informações que o mercado consumidor gosta para direcionar a fabricação.
Também é realizada uma análise química dos compostos fenóricos, com informações nutricionais e sobre metais pesados, para informar ao consumidor a composição na embalagem. Tendo qualidade, a amêndoa é liberada para produção de nibs, licor ou chocolate com o selo do CIC.
Ano passado, o CIC fez mais de 2.300 análises e esse ano já fez mais de 2 mil, segundo informou Cristiano Villela, geneticista e diretor do CIC, inaugurado em março de 2017. De acordo com Villela, o cacau tem 10 grupos genéticos e o que predomina na Bahia é o amelonado. Mas ainda há pouco reconhecimento internacional sobre a qualidade do cacau baiano, apesar do interesse crescente.
“Fizemos um trabalho de base ano passado para incluir o Brasil no anexo C do ICCO [Organização Internacional do Cacau], que trata do cacau fino, de qualidade. O Brasil não figurava como país exportador de cacau, mas em 2017 e 2018 foram exportadas quase 750 toneladas de cacau fino para Japão e Europa. Em setembro é provável que o Brasil figure na lista dos países exportadores de cacau de qualidade”, declarou Villela.
Gerente de qualidade e relacionamento com o cliente do CIC, a bióloga Adriana Reis disse acreditar que “estamos contribuindo com a valorização e o reconhecimento na venda de cacau, com o país produtor de uma amêndoa especial, fina, e que tem condição de concorrer lá fora com grandes origens também”.
Indicação geográfica
Uma outra aposta para a valorização do cacau produzido no sul da Bahia está sendo por meio do selo de indicação geográfica, conquistado ano passado. O registro de Indicação Geográfica (IG), na espécie Indicação de Procedência (IP), foi dado pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), autarquia federal.
A área geográfica beneficiada com a IG abrange um cultivo estimado 61.460 km², em 83 municípios e seis territórios regionais: Baixo Sul, Médio Rio de Contas, Médio Sudoeste da Bahia, Litoral Sul, Costa do Descobrimento e Extremo Sul.
O pedido pelo reconhecimento foi feito pela Associação dos Produtores de Cacau do Sul da Bahia (APC), que liderou um movimento em prol da cultura, formado por representantes do setor produtivo e governo da Bahia.
A busca pelo selo foi iniciada em 2014, mas as discussões sobre assunto começaram há mais de 10 anos. A indicação geográfica oferece a garantia de origem do cacau do sul da Bahia e traz agregação de valor, ao posicionar o produto como único.
A Bahia já possui o mesmo reconhecimento para as uvas de mesa e manga do Vale do Submédio São Francisco e para a cachaça de Abaíra, na Chapada Diamantina, as quais conquistaram o título em 2009 e 2014, respectivamente.
Patrícia Orrico Santos, gerente do Centro de Internacional de Negócios, da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), destaca que é preciso fazer uma maior divulgação sobre o selo do IG.
“A origem como um fator de qualidade, de boa procedência e características na produção é muito importante na agregação de valor ao produto. A Fieb está há algum tempo construindo uma estratégia de marketing territorial, o cacau é um deles”, disse.
No momento, contudo, apenas 12 fazendas estão certificadas com o selo do IG no sul da Bahia, o que pode atrasar a região na conquista de novos mercados, como o do Canadá, que tem demonstrado interesse pelo cacau produzido no estado justamente por conta da produção de alta qualidade.
De acordo com o Índice de Complexidade Econômico (ICE), o Canadá é o 12º país maior importador de cacau do mundo. Só em 2018, o país chegou a investir em torno de US$ 218 milhões em importação de cacau, sendo o Brasil responsável apenas por U$ 4 mil deste total, em 26º lugar.
Por sua vez, as exportações globais de cacau brasileiro foram de US$ 21,43 milhões no acumulado de 2018 entre os meses de janeiro a maio. O diretor de Relações Institucionais da Câmara de Comércio Brasil-Canadá, Paulo de Castro Reis, disse que existe um grande potencial para a exportação de cacau e chocolates especiais para o Canadá.
“Os canadenses contam com um alto poder aquisitivo e costumam pagar mais por produtos diferenciados e de qualidade. São consumidores conscientes, que investem em Itens com sabores únicos, preferencialmente fruto de manejo sustentável e socialmente responsáveis”, comentou.
Aqui, os chocolates especiais ganham destaque. “Como a Bahia é a maior região exportadora de cacau do país, apresentar um novo mercado para os produtores locais é uma chance para diversificarmos ainda mais a pauta comercial entre o Brasil e o Canadá”, acrescentou.
De acordo com Reis, “o Canadá é um grande importador e tem um mercado maduro, em busca do cacau de qualidade, de origem. O pessoal lá consome muito, muitas vezes o orgânico. Tem muitas oportunidades não só para exportação de cacau como do chocolate em barra”.
Ele disse que o primeiro passo dos produtores da Bahia deve ser “colocar o Canadá no radar, na prioridade”. “Precisamos ajustar o discurso, saber transmitir essa história, não basta apenas falar que é do Brasil, tem de contar a história da fazenda, os processos, e vemos que tem muito espaço para esses produtos de qualidade no mercado canadense”, afirmou. Fonte: Canal Rural
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Deve ser arte de algum demente, jegue, levou para comer em casa.
E uma vergonha o patrimônio e nosso.porque roubar aquilo que e seu .vamos manter nossa cidade linda para que os turistas que aquir chegarem adimira a beleza da nossa cidade.ágora cabir ao prefeito colocar câmaras na entrada ir na saída. Essa é a minha opinião.
Tem que pegar a placa do carro
Absurda falta de respeito, com um bem público ,e que vai fazer tanto bem a cidade !
Tem pessoas que perderam totalmente a noção de cidadania!
Pegar a placa do carro,chegar até o infeliz e meter uma multa bemmmmm salgada pq o Povo so aprende quando dói no bolso
Eu passei por este local no domingo às 7:00 horas, e o estrago já estava feito. E quem foi lá roubar, deve ter ido com um animal de carga, pois havia pegadas no local.
Sugiro que verifiquem se o OPABA Praia Hotel, não tem câmara naquela área.
É realmente um absurdo que vem acontecendo neste acesso. E sem querer nomear ninguém, mas, este trecho da Ponte até o OPABA, sempre foi local aqui no bairro, para descarte de lixos, restos de imateriais de construção e móveis de um modo geral, não era atoa que era conhecido como "Rua da Bosta".
Então é preciso por parte da prefeitura maior rigor para evitar danos maiores, a este patrimônio público, que esperamos por tanto tempo, punindo dentro da lei os irresponsáveis.
Aproveito, para informar também, que neste mesmo domingo, o vento soprava muito forte, muito comum nesta área, como também o ar excessivamente salitroso, e fez com que uma placa de sinalização de Ponto de Ônibus, fosse arrancada e jogada na pista de rolamento.
Apanhei esta placa e entreguei a um operário da obra, que estavam trabalhando no levantamento do muro residenciais deste trecho.
Então, fica aqui também este alerta, se os cuidados, e se a empresa responsável por este serviço não foi avisada destes ventos forte e alta salinalidade, em pouco tempo teremos, muitas placas e postes de iluminação despencando na pista.
Lembro-me, que fiz vários alertas sobre isso, sobre a grama e sobre o cais de proteção. Este último apenas " armengaram", é tá lá o péssimo serviço pra quem quiser ver. Será em breve e se nada for feito, teremos a pista de ciclista e pedestre, com afundamentos e trincas.
Como cidadão pontalense nato, com meus quase setenta anos, tenho como afirmar tudo isso, pois aqui nasci, cresci e moro até hoje.
Grato
José Rezende Mendonça
Ridículo!!
O Projeto previa estacionamentos entre o Cristo e a Catedral e os estacionamentos não foram construídos . As placas deveriam ser plastificadas e ou de acrílico ou seja contra salitre. Os postes também deveriam ser de material plastificado ou seja contra saltite. São materiais que em breve serão substituídos por causa do salitre. Roubar grama é encomenda. Plantar a placa de grama? Foi encomenda. Entulho só fiscalização e polícia.
Além disto os donos de cachorros tb devem colaborar pois o que mais se vê nos calçadões de acesso à ponte são fezes de cães . Vai passear com o seu bicho de estimação limpe a sujeira que ele faz. Tão fácil se todos colaborassem.
Em frente à Maramata tb tem lixão. Agora colocaram geladeira e freezer velhos pra colocarem lixo. Horrível!!
Na verdade o que falta mesmo é educação e conscientização da população. Difícil pois a cultura aqui é “levar vantagem”, falta cidadania!