Novo presidente de Gana promete reformar setor de cacau e priorizar agricultores

John Dramani Mahama, presidente eleito de Gana, assume o cargo em 7 de janeiro com uma missão ambiciosa: renovar o setor de cacau, uma das principais fontes de receita do país, e reorganizar o Conselho de Marketing do Cacau (COCOBOD). Em entrevista recente à Reuters, Mahama destacou sua visão de um modelo que priorize os agricultores e elimine ineficiências no sistema atual.

Foco nos agricultores e reestruturação do COCOBOD

Segundo Mahama, o modelo atual, em que o COCOBOD compete por lucros com os agricultores, é insustentável. Ele propõe uma reestruturação para transformar a entidade estatal em um regulador e controlador de qualidade mais eficiente, permitindo que os agricultores recebam seus lucros diretamente.

“Podemos ter uma empresa estatal que seja o regulador e controlador de qualidade, e isso crie uma oportunidade em que o agricultor receba seu dinheiro diretamente?” questionou Mahama.

Essa não é a primeira vez que se discute uma separação das funções do COCOBOD, que hoje controla desde a produção de mudas até o fornecimento de sacos de juta para exportação. Contudo, tentativas anteriores de reestruturação fracassaram.

O presidente eleito sugeriu o envolvimento do setor privado em algumas áreas atualmente geridas pelo COCOBOD, como forma de aumentar a eficiência e reduzir custos.

Crise no setor de cacau e economia instável

Mahama assume a presidência em meio à recuperação econômica de Gana após sua pior crise em uma geração. A insatisfação com o aumento do custo de vida e a queda na produção de cacau e ouro foram fatores cruciais para sua vitória decisiva nas eleições de 7 de dezembro.

A produção de cacau atingiu seu menor nível em décadas na temporada passada, afetada por mudanças climáticas, doenças nas plantações e a mineração ilegal de ouro. Além disso, os custos administrativos do COCOBOD mais que triplicaram entre 2018 e 2023, levantando preocupações sobre má gestão e desperdício de recursos.

“Os gastos desnecessários do COCOBOD esgotaram os fundos de produção de cacau e privaram os agricultores de preços ideais, forçando muitos a buscar outros meios de sustento, como a mineração ilegal”, afirmou Mahama.

Reformas e parceria com o FMI

Com o apoio do Fundo Monetário Internacional (FMI), que administra um pacote de resgate de US$ 3 bilhões para Gana, o COCOBOD já iniciou um plano de recuperação para cortar custos e aumentar a participação dos agricultores na receita do cacau. Mahama se comprometeu a trabalhar em alinhamento com essas diretrizes, mantendo o agricultor no centro das reformas propostas.

“Estamos dispostos a trabalhar com qualquer pessoa se isso tornar o setor de cacau mais eficiente e trazer de volta nossa produção ao que era antes”, afirmou.

Renovação do setor como prioridade

Além do cacau, Mahama indicou que a revitalização da produção de petróleo bruto será outra prioridade de seu governo para impulsionar o crescimento econômico e aumentar a receita não tributária. No entanto, a reestruturação do setor de cacau, com foco em maior eficiência e na valorização dos agricultores, deve ser uma das marcas iniciais de sua gestão.

Com um amplo apoio parlamentar e promessas de mudanças estruturais, o novo presidente enfrenta o desafio de transformar o setor de cacau em um modelo de desenvolvimento sustentável, garantindo que Gana mantenha seu papel de destaque no mercado global enquanto beneficia diretamente sua população rural.

Fonte: mercadodocacau com informações reuters

Curtiu esse post? Compartilhe com os amigos!

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Telegram

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *