O enigma que é saber o preço do cacau

O articulista econômico Andrew Hecht, publicou um artigo sobre o cacau (http://seekingalpha.com/article/4015772-cocoa-looks-awful) no último dia 27/10/2016 sob o título “Cocoa Looks Awful” que, numa tradução livre poderia ser: “O Mercado de Cacau está Horrível de Entender”.

Trata-se de uma opinião na qual o articulista, a partir de algumas variáveis importantes para a comercialização do cacau (oferta, demanda, relação cambial Libra Esterlina/Dólar, estoque,…), propõe a ideia de “estejam preparados para um mercado que oferecerá preços mais baixos”. No mínimo, para aqueles que se interessam por esse processo complicado que é atribuir preço ao cacau no mercado internacional, resolvi fazer a tradução do artigo. Contudo, para aqueles que quiserem ler o texto original, o endereço eletrônico está posto acima.

Como dar opinião nesse mercado complexo do cacau é livre, ouso dizer que a especulação para essa safra vai liderar o processo, especialmente aquelas vindas dos países africanos de maior safra (Costa do Marfim e Gana). Portanto, informação e organização devem dominar as estratégias para obtenção de melhores resultados na hora da comercialização. Desse modo, ficar de olho, diariamente, na Bolsa de Nova Iorque pode ajudar bastante.

Segue o texto:
É difícil acreditar que o preço de cacau foi US$ 3,422 por tonelada em dezembro de 2015 e ameaçando o tempo todo desafiar as altas de US$ 3,826 estabelecidos em 2011.
A mudança no cacau de 2013 até o final de 2015 foi o resultado do aumento por produtos de chocolate na Ásia. Muitas pessoas na China descobriram as maravilhas do chocolate em anos recentes, e com mais de 1,3 bilhões de pessoas na nação asiática, o mercado direcionado para o lado da demanda explodiu a equação fundamental do cacau. O cacau parecia prestes a fazer uma corrida nas altas de 2011 embora tivesse havido alguns problemas de oferta com o cultivo. Mais de 60% das amêndoas de cacau do mundo vêm de duas nações do oeste africano, a Costa do Marfim e Ghana. A produção de cacau está limitada às áreas do mundo que estão perto do equador, como as amêndoas são frágeis e dependem apenas da quantidade certa de calor e umidade. Outrossim, o potencial problema de oferta sempre está presente. No oeste da África, questões políticas ou de logística podem sempre apresentar desafios como a economia destas nações dependem da produção de cacau.

A concentração do comércio internacional de cacau está na Europa e Londres tem sido, tradicionalmente, o centro da comercialização. Muitas transações do cacau físico usam a moeda inglesa como mecanismo de preço de referência para comercializar cacau, e Brexit (movimento de saída do Reino Unido da União Europeia) lançou o mercado de cacau um grande solavanco que resultou no fim do mercado otimista que tinha tomado lugar desde 2013.

A libra esterlina e cacau
Na estreia do referendum do Brexit no final de junho, a moeda inglesa caiu em valor quando comparado com o dólar. Na análise mensal do câmbio libra esterlina e o Dólar Futuro, depois de um longo período de poucas variações comerciais entre US$ 1.4227 à US$ 1.7184 dados anteriores à 2009, a Libra Esterlina caiu depois que os cidadãos britânicos votaram para sair da União Europeia em junho último. Enquanto o Dólar é o mecanismo de referência para o preço da maioria das commodities, quando se trata de cacau, a posição de mais da metade da produção mundial é feita pela Libra Esterlina, a moeda de escolha de preço e negociação de muitos contratos de oferta física no mundo de amêndoas de cacau. A Libra foi negociada no nível de US$ 1.2172 contra o Dólar nesta Quinta (27/10/16). O declínio no valor da moeda causou um fim no mercado otimista do cacau. Se a Libra continuar a ficar cada vez mais baixa, o ingrediente crítico do chocolate (o cacau em amêndoas), provavelmente continuará seguindo para baixo.

A reação inicial da Libra Esterlina depois do voto do Brexit foi devastador para a moeda tendo caído para mais de 12,3%, de US$ 1.5000 para US$ 1.3148 nas primeiras 24 horas seguintes a votação. O voto indicou a renúncia do primeiro ministro e uma resposta ruim de muitos dentro da União Europeia. Desde então, a Libra Esterlina continuou a cair, caindo abaixo de US$ 1.2034 em 07/10/16 e somente se recuperando, modestamente, a partir desta data.

A tendência na moeda britânica é de queda. Outrossim, a mecânica do Brexit da União Europeia ainda não está clara. Britânicos tem uma longa estrada de como a nação deve negociar novos acordos de negociação com a Europa enquanto arruma sua economia doméstica. O Banco da Inglaterra tem se preparado para uma deterioração futura da economia britânica, e é altamente provável que nós ainda não tenhamos visto ainda a baixa da Libra Esterlina. A moeda britânica está negociando agora no mais baixo nível desde 1985, e dado as perspectivas de alta da taxa de juro americana e a trajetória de subida do Dólar, é sobre essa razão que a Libra Esterlina pode cair de paridade contra o Dólar americano. O potencial por uma queda cada vez maior da Libra Esterlina é uma notícia ruim para o preço do cacau pois a commodity provavelmente seguirá a baixa da moeda. Com a Libra Esterlina fraca, o preço de cacau em termos de Libra Esterlina crescerá encorajando vendas no mercado físico.

Cacau precisa de um acontecimento de oferta se seguirá a moeda britânica
O preço futuro de cacau gastou a melhor parte dos quatro anos de sua trajetória, de 2011 até 2015, tendo os mais altos preços na baixa e os mais altos preços na alta. A análise mensal finalizada da ação dos preços otimistas de cacau, mostra quando o preço quebrou na fase mais baixa no início de 2015 ao nível de US$ 2,669 por tonelada.

Foi o crescimento da demanda de cacau que previu o mercado otimista nos anos recentes, mas agora que a Libra Esterlina tem atingido a derrapagem, a esperança pela commodity poderia ser a oferta vinda do oeste da África. Condições de clima seco representou problemas para a produção de cacau na Costa do Marfim durante a safra 2015/2016

Como resultado, a produção mundial caiu 6% para 3,99 milhões de toneladas em relação a safra anterior. O nível de produção causou o mercado de cacau para mover-se dentro de um déficit com estoques globais caindo para 1,38 milhões de toneladas, o mais baixo dos últimos 14 anos e 13% mais baixo do que o ano anterior. Outrossim, olhando para frente, para a safra 2016/2017, as perspectivas veem mais favoráveis para o cultivo do cacau com o El Niño fora do contexto e do declínio da La Niña.

Além disso, chuvas abundantes nas regiões cacaueiras desde agosto se constitui numa ajuda para as plantas nos próximos meses. Mesmo uma leve La Nina poderia aumentar a produção com temperaturas mais frias e poderia apoiar produção de cacau. Em Ghana, o segundo maior produtor mundial de cacau, produziu 690 miltoneladas de cacau das 850 mil toneladas projetadas pelo Conselho de Cacau de Ghana. Contudo, como na Costa do Marfim, as coisas estão fluindo muito melhor para a safra 2016/2017 no que se refere ao clima, e Ghana espera aumentar a produção anual para 1,6 milhões de toneladas até 2026. Portanto, na verdade parece que a produção de cacau não oferecerá qualquer apoio para os preços, e a commodity poderia negociar ao lado da Libra Esterlina nos meses a frente. O quadro técnico para os preços do cacau continua a ser o mais feio dos últimos anos.

Um perfeito quadro de técnica pessimista de preço
Com base no curto prazo, o cacau alcançou em 3 de maio/16 altas de US$ 3,216 por tonelada para contrato de entrega em dezembro/16; desde então, a situação para os preços tem sido a de “ladeira abaixo”. Análises sobre o preço diário do cacau na Bolsa de Nova Iorque, fica evidente o movimento de altas e baixas. Neste momento, o cacau deveria ser negociado acima daquilo que foi cotado em 22 setembro/16 (US$ 2,934/t) para quebrar o ciclo das altas mais baixas, e que não parece provável, dado o preço da ação na Libra Esterlina. O preço da ação em 27 de outubro tinha uma conformação de uma reversão para a atual desvantagem. No caso do longo prazo, as análises mostram que o quadro é mesmo para pior, com um indicador de momentum, a lenta variabilidade, indica uma tendência de preços de mercado pessimista. A variabilidade cruzada mais baixa em 2016, o preço deveria aumentar acima daquele cotado em dezembro/2015 (US$ 3,422/t), revelando uma tendência de preço de mercado otimista.

Até onde o cacau pode ir?
Eu acredito que as fortunas do cacau e a Libra Esterlina são uma e a mesma e que não adivinhar com certeza a commodity. A análise mensal de preços futuros de cacau mostra um nível de apoio crítico em dezembro de 2011, abaixo de US$ 1,898 por tonelada. Se a Libra Esterlina se dirige rumo à paridade em relação ao dólar, poderemos ver a queda nos preços de cacau abaixo dos US $ 2.000 por tonelada nível. Neste momento, o começo do pessimismo de mercado está se alinhando aos preços futuros de cacau. A Costa do Marfim parece estar em uma posição para produzir mais amêndoas de cacau durante a safra 2016/2017 e Ghana está projetando dobrar a produção nos próximos anos. Ao mesmo tempo, fatores técnicos para a commodity mantém a condição de pessimismo de mercado, e o mecanismo de preço está em queda livre desde junho/16.

De 2011 até o final de 2015 cada depressão no preço foi uma oportunidade de compra no mercado futuro. Contudo, para 2017, é provável que uma estratégia oposta produzirá ótimos resultados. Mercados fundamentais estão na verdade dizendo-nos que corrida nas vendas para iniciar posições de risco, comprando de volta nas depressões de novas baixas é a melhor atitude à seguir quando na negociação no mercado de cacau para mais distante quanto os olhos possam alcançar.
Fonte: Ceplac PA / Fernando Antonio Teixeira Mendes

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