O que está acontecendo com a cadeia produtiva do cacau em Gana?

O setor do cacau em Gana, um pilar crucial da sua economia, enfrenta desafios significativos que ameaçam a sua sustentabilidade. Apesar dos esforços do governo ganês para impulsionar a produtividade, incluindo um aumento de 63,5% no preço por saca de cacau no último ano, a crise econômica e dificuldades no financiamento têm colocado a indústria em risco.

 Aumento de Preços e Dificuldades de Financiamento

O governo de Gana aumentou significativamente o preço do cacau para incentivar os agricultores, mas a falta de fundos provenientes de empréstimos sindicalizados comprometeu esta iniciativa. Esperava-se obter mais de US$ 1 bilhão, mas apenas US$ 800 milhões foram recebidos, resultando em atrasos e interrupções na compra de cacau. Esta foi a linha de crédito mais cara que o conselho recebeu desde o início dos empréstimos anuais em 1992-93, segundo um relatório da Bloomberg.

Impacto da Crise Econômica e Atividades Ilegais

A crise econômica de Gana, que levou a uma reestruturação da dívida interna e externa, agravou a situação. Além disso, as atividades ilegais de mineração (conhecidas localmente como galamsey) e a venda de fazendas de cacau para mineradores ilegais por agricultores ameaçam ainda mais a produção de cacau. Esta situação, combinada com uma queda significativa na produção, tem gerado preocupações sobre o contrabando e o açambarcamento, desestabilizando o mercado local de cacau.

Medidas de Contenção

Em resposta à escassez, a administração da COCOBOD autorizou a importação de 3.500 toneladas métricas de cacau da Costa do Marfim e da Nigéria. Na Costa do Marfim, o Conselho do Cacau (CCC) pediu às cooperativas e compradores que vendam seus estoques aos exportadores em até 21 dias para evitar o açambarcamento, uma prática que agrava a instabilidade do mercado.

Problemas Financeiros do COCOBOD

O Conselho do Cacau de Gana (COCOBOD), responsável pela produção e exportação de cacau, enfrenta contratempos financeiros significativos. De acordo com um relatório recente do Fundo Monetário Internacional (FMI), os custos elevados de rolagem de contas de cacau pendentes e os preços de compra altos pagos aos produtores têm pressionado as finanças da COCOBOD. Além disso, despesas quase fiscais, como fornecimento de fertilizantes e desenvolvimento de estradas rurais, aumentaram a pressão sobre as suas despesas administrativas.

Reconhecimento dos Riscos e Ações Futuras

Sob o programa do FMI em Gana, a COCOBOD foi identificada como uma das oito empresas estatais com riscos fiscais substanciais. Desde 2016, a COCOBOD reporta perdas anuais, com o último ano lucrativo registrado em 2015. As perdas anuais aumentaram de menos de GH¢300 milhões em 2016 para quase GH¢2,5 bilhões em 2021. A dívida total da COCOBOD representa aproximadamente 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB) de Gana.

Estratégia de Recuperação

O governo já informou ao FMI sobre uma estratégia de recuperação aprovada pelo Conselho de Ministros. Esta estratégia incluirá a supervisão conjunta do COCOBOD pelo Ministério das Finanças e pelo Ministério da Agricultura. Além disso, planeia eliminar gradualmente os gastos quase fiscais do COCOBOD, incluindo a rescisão do contrato de concessão rodoviária com o Ministério das Estradas e a racionalização dos programas de subsídio de fertilizantes e insumos.

O setor de cacau em Gana enfrenta uma encruzilhada crítica. As medidas governamentais, embora bem-intencionadas, precisam ser complementadas por uma gestão financeira robusta e controle rigoroso das atividades ilegais para assegurar a sustentabilidade a longo prazo desta vital indústria. O futuro da produção de cacau em Gana dependerá da capacidade do governo e das autoridades de implementar estas reformas de forma eficaz e oportuna.

Fonte: mercadodocacau

*com informações myjoy.o

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1 Comment

  1. Hygino Marinho disse:

    O grande problema do cacau.Primeiro é produzido por países pobres,consumido por países ricos e comercializado por multinacionais que está se luchando para a maioria de quem produz,que não maioria são pequenos produtores que não tem voz.Segundo,o poder público em relação a crise do cacau no sul da Bahia ,o governo abandonou completamente o produtor que está atolado em dívidas,como TB.abandonou a extensão e a pesquisa.Da pena ver o centro de pesquisa do cacau CEPLAC, está sucateado, dinheiro do cacauicultor jogado fora.Vejo um novo horizonte através da iniciativa privada que está investindo e acreditando no cacau,que para mim é a maior lavoura do mundo..O governo e as multinacionais que comercializam o cacau, são as maiores pragas do cacau.

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