Por estes dias, é quase impossível tomar nota dos preços dos alimentos. Ora sobem, ora descem — os valores oscilam a cada semana, fazendo escalar as contas de supermercado. Entre os produtos mais caros, há um no qual já deve ter reparado, os chocolates e as bolachas (também de chocolate).
Não é coincidência. Também não se trata apenas da crise inflacionista que assola a economia há dois anos. O custo das principais matérias-primas utilizadas para a produção destes bens — o cacau e o açúcar — disparou desde o início do ano. E o cenário pode piorar. Aliás, os maiores fabricantes de chocolate do mundo preveem o aumento dos preços nos próximos tempos.
Apesar da escalada dos lucros da indústria chocolateira últimos dois anos, esta tendência pode ter os dias contados. Os preços do cacau e do açúcar estão a atingir máximos históricos. Os valores aumentaram cerca de 20 por cento nos últimos dois anos na tanto na Europa como na América do Norte, refere a agência noticiosa
A escalada dos preços fez com que muitos consumidores começassem a cortar os chocolates das listas de compras. Na sexta-feira de 18 de agosto, o cacau atingiu o valor mais elevado dos últimos 46 anos.
As condições climatéricas adversas nos países produtores são as principais culpadas. Segundo explica a Reuters, tanto a Costa do Marfim como o Gana — responsáveis por dois terços do cacau produzido no mundo —, têm enfrentado ao longo dos últimos dois anos secas extremas, excesso de chuvas e várias doenças nas plantas.
“Fomos forçados a suspender as vendas porque a atual situação climática nos preocupa. Acreditamos que a principal colheita, que começará em outubro, não será boa, e não conseguiremos obter uma quantidade suficientemente para satisfazer a procura”, afirmou, em julho, o presidente do Conselho do Café e Cacau, órgão regulador da Costa do Marfim.
Só no Gana as alterações climáticas ameaçam limitar em cerca de 40 por cento os terrenos para o cultivo de cacau até 2050. Esta redução irá traduzir-se num aumento dos custos de produção, do transporte aos fertilizantes e mão de obra.
A isto, junta-se o aumento dos preços do açúcar, que, desde o início deste ano, já subiram mais de 20 por cento. Esta matéria-prima atingiu os valores mais elevados registados na última década. Neste caso, a subida está relacionada com as expectativas pessimistas de produção em zonas como a Índia, a Tailândia, a China ou a União Europeia (também pelas condições climatéricas adversas), bem como por um atraso na colheita de cana-sacarina no Brasil.
A tendência de subida expressiva dos preços pagos pelos consumidores finais por produtos como o chocolate ou as bolachas irá para manter-se. As condições climatéricas vão continuar a impulsionar os preços da matéria-prima, mas, também, porque as produtoras de chocolate mantêm as previsões de crescimento das vendas.
Ainda no mês passado, os administradores executivos da Mondelez (uma das líderes mundiais do setor, que detém marcas como a Oreo e a Milka) avançaram que os consumidores finais na Europa vão pagar mais pelos produtos da empresa, avançou o “Público”. O aumento dos preços irá refletir a subida dos custos da matéria-prima.
Já a Hershey, uma das maiores produtoras nos Estados Unidos, reviu recentemente em alta as estimativas de lucros para este ano. Isto porque se acredita que os produtos como o chocolate têm lugar cativo na cesta dos consumidores — mesmo numa altura em que a inflação pressiona o rendimento disponível das famílias.
“Os consumidores habituaram-se às referências das nossas marcas. Quando a inflação chega e os preços começam a escalar, é notório que estão apegados a estes produtos e que não querem abdicar deles”, afirmou Dirk Van de Put, em declarações à Yahoo Finance, em maio.
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ISSO AI MEU PREFEITO, AGORA VAMOS OLHAR PARA A TULHA