O preço de cacau comercializado em bolsa, nos últimos dias, tem fechado em baixa surpreendendo os analistas que, não reportam notícias fundamentais que justifiquem a queda, mesmo sabendo que o cacau foi uma anomalia no ano passado, ao subir 14% em Londres, quando quase todas as outras principais commodities despencaram.
De acordo com o analista Thomas Hartmann “a queda dos preços foi literalmente linear durante todo período de operações, sob a pressão constante de vendas especulativas. Não houve qualquer notícia fundamental para justificar a queda (ontem, 11/01)”, informou.
Refutando os sinais de uma possível estabilização dos preços emitidos pelas bolsas no final da semana passada, elas voltaram a desmoronar gerando enormes volumes negociados nesta segunda-feira (11). O Rabobank vem sinalizando que os contratos futuros de cacau negociados em Londres poderão cair para 1,8 mil libras esterlinas a tonelada até o quarto trimestre, o que representaria uma perda de 17% em relação ao preço de fechamento da última terça-feira, de 2.163 libras esterlinas a tonelada.
Em contra partida, a redução no consumo de chocolate, especialmente em países da Ásia e a crise na China pode estar diretamente ligado ao comportamento do mercado, acredita outro especialista em commodities. E aponta ainda uma possível reversão no cenário com o menor nível de consumo, uma redução das moagens.
De acordo ainda com o Rabobank a expectativa é que depois do déficit de produção de cerca de 150 mil toneladas na safra 2015/16, a oferta mundial supere a demanda em breve. A produção vai ultrapassar a procura em 93 mil toneladas na safra 2016/17. Se a previsão se confirmar, será o maior excedente de cacau desde a safra 2010/11.
Para eles, a razão é o aumento da produção na América Latina. Países da região têm plantado árvores de alta produtividade, segundo a Organização Internacional do Cacau (OICC). A produção do Equador cresceu 6,8% na safra 2014/15, e há expansão na Colômbia e no Peru, informou a entidade. “A oferta começa a aumentar, vinda de regiões como a América Central, na medida em que os produtores recorrem ao cacau para substituir o café”, disse Jack Scoville, vice-presidente da corretora Price Futures Group de Chicago.
Apesar das afirmativas, há também, analistas que consideram a informação de excedente bastante precoce, em virtude especialmente das interferências no fator climático, uma vez que o El Niño tem influenciado todas as zonas produtoras do fruto, e afetado as condições das lavouras e comprometendo a produção de cacau. E como a safra principal vai até outubro/16, as interferências climáticas ainda podem surpreender bastante e mudar todo o cenário. Fonte: Mercado do Cacau