Os preços dos alimentos no mercado global alcançaram o maior nível em 18 meses, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Com alguns itens básicos como óleos vegetais, carne bovina e cacau enfrentando pressões de oferta e demanda, especialistas alertam que os preços podem continuar subindo em 2025, intensificando os desafios para consumidores e empresas.
Óleos vegetais lideram alta nos preços
Entre as cestas monitoradas pela FAO — grãos, carne, laticínios, óleos vegetais e açúcar —, a categoria de óleos vegetais registrou o maior aumento de preços no ano. De janeiro a outubro, o valor subiu 24%, impulsionado pelo aumento dos preços de óleos de palma, soja, girassol e colza.
A queda na produção de óleo de palma, devido ao fenômeno climático El Niño, contribuiu significativamente para o aumento. A Indonésia, maior produtora mundial, registrou uma queda de quase 5% na produção nos primeiros oito meses de 2024, em comparação ao mesmo período do ano anterior. Além disso, a crescente utilização de óleo de palma para biodiesel no país restringiu ainda mais a oferta.
Outros óleos vegetais, como o de colza, também enfrentam desafios de produção e devem registrar altas significativas nos preços em 2025.
Escassez de carne bovina mantém preços altos
A carne bovina é outra commodity que enfrenta aumentos de preço. A seca nas planícies do sul dos Estados Unidos reduziu drasticamente os rebanhos, levando os preços futuros de gado de corte a subirem 16% em 2024. Essa redução na oferta global deve continuar impactando o mercado em 2025, já que os EUA, maior produtor mundial, enfrenta uma contração no rebanho.
O Rabobank prevê que a produção global de carne bovina registrará sua primeira queda significativa desde a pandemia de Covid-19, devido à redução nos rebanhos dos maiores produtores mundiais, incluindo Brasil, Austrália e Índia.
Cacau e café sobem com clima desfavorável
Os mercados de café e cacau também estão entre os mais afetados por condições climáticas adversas. O Brasil, maior produtor de café do mundo, enfrenta dificuldades devido ao clima, elevando os preços do café em 70% este ano.
No caso do cacau, as chuvas intensas e problemas de qualidade nos grãos na Costa do Marfim, maior produtora mundial, pressionaram os preços para cima. Apesar de uma leve queda recente, os futuros do cacau permanecem altos, em torno de US$ 9.425 por tonelada, e analistas esperam que cheguem a US$ 10.000 nos próximos meses.
Com o cacau sendo um ingrediente essencial para o chocolate, os consumidores também devem enfrentar preços mais altos para essa guloseima tão apreciada.
Impactos nas frutas e vegetais
As frutas e vegetais também estão sob risco de aumento de preços, especialmente nos Estados Unidos. Políticas comerciais e restrições à imigração propostas pelo governo eleito podem afetar a disponibilidade de mão de obra agrícola, além de impactar as importações do México, principal fornecedor de vegetais frescos para o país.
Produtos como abacates, tomates, morangos e pimentões, amplamente importados do México, podem sofrer aumentos significativos de preço caso novas tarifas ou barreiras comerciais sejam implementadas.
Perspectivas para os consumidores
Embora o Índice de Preços da FAO acompanhe os preços das matérias-primas e não diretamente os custos no varejo, o impacto na ponta final é inevitável. Com o aumento contínuo nos custos de produção, transporte e insumos, consumidores em todo o mundo podem esperar um peso ainda maior em suas compras de supermercado em 2025.
Diante desse cenário, a pressão por soluções no setor agrícola, maior diversificação de fornecedores e políticas que mitiguem os impactos climáticos serão cruciais para conter a escalada de preços e assegurar a segurança alimentar global.
Fonte: mercadodocacau com informações CNBC