Acionistas da The Hershey Company, Nestlé e outras gigantes do setor de chocolate estão pressionando as empresas para que utilizem sua influência no mercado de cacau a fim de melhorar os salários e as condições de trabalho dos agricultores na África Ocidental. Este movimento visa garantir que os produtores de cacau recebam uma remuneração justa, suficiente para sustentar suas famílias e reduzir a dependência do trabalho infantil.
A Voz dos Investidores
“Estamos pedindo às empresas de chocolate que usem seu poder de compra, por meio de intervenções nos preços, para garantir que os produtores de cacau recebam mais dinheiro por seu cacau”, disse Aaron Acosta, diretor de programa da Investor Advocates for Social Justice. O grupo de Acosta, junto com outros 69 signatários, enviou uma carta aos fabricantes de chocolate exigindo mudanças.
Este esforço surge após uma diminuição no apoio dos investidores a propostas de ações salariais, que caíram de 42% para 31% na última temporada de procurações. A carta dos acionistas ressalta a “expectativa crescente” de consumidores e investidores de que as empresas respeitem os direitos humanos e sejam transparentes em suas ações, especialmente em relação aos trabalhadores das cadeias de suprimentos.
A Realidade dos Produtores de Cacau
Os produtores de cacau, majoritariamente situados em Gana e na Costa do Marfim, enfrentam uma realidade difícil, muitas vezes ganhando menos que o limite de pobreza do Banco Mundial, de US$ 2,15 por dia. A carta dos acionistas destaca a necessidade urgente de melhorar estas condições, para que os agricultores possam proporcionar uma vida digna a seus trabalhadores e famílias.
Respostas das Empresas
Diversas empresas de chocolate já têm divulgado seus esforços sociais e ambientais:
- Hershey: A empresa afirma ter investido significativamente no desenvolvimento de programas direcionados a construir uma cadeia de fornecimento de cacau responsável e sustentável, com foco nas comunidades da África Ocidental.
- Lindt: Seu programa de sustentabilidade do cacau visa criar meios de subsistência decentes e resilientes para os produtores de cacau e suas famílias, além de promover práticas agrícolas mais sustentáveis.
- Mondelēz: Estabeleceu uma meta para 2030 de aumentar o número de famílias agrícolas que alcançam uma renda vital, melhorar os sistemas de proteção infantil e permitir o acesso à educação.
- Nestlé: Está trabalhando com agricultores, comunidades e organizações para desenvolver e implementar soluções para os desafios enfrentados pelas comunidades produtoras de cacau.
- Mars: A empresa busca criar um setor de cacau onde os direitos humanos sejam respeitados, o meio ambiente protegido e os produtores de cacau tenham a oportunidade de prosperar.
- Ferrero: As amêndoas de cacau da empresa são fisicamente rastreáveis até as fazendas, permitindo um apoio direcionado aos agricultores e comunidades locais.
A pressão crescente de acionistas e consumidores reflete uma demanda por maior responsabilidade social e transparência das grandes empresas de chocolate. À medida que essas empresas respondem às exigências, a esperança é que melhorias reais nas condições de vida e trabalho dos produtores de cacau sejam alcançadas, contribuindo para um mercado mais justo e sustentável.
Fonte: mercadodocacau
*com informações bloomberglaw