A Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC) divulgou na última segunda-feira (6/2) que a produção de cacau no Brasil em 2016 atingiu 152 mil toneladas. A redução foi de 77 mil toneladas (34%) em relação a 2015, quando a safra chegou a 209 mil toneladas. O resultado foi o pior dos últimos quatro anos. A associação atribui a queda à crise hídrica que atingiu principalmente as lavouras da Bahia, já que o Estado nordestino é o maior produtor do fruto no país. Outro agravante para a situação foi a seca no Pará.
De acordo com a AIPC, a quantidade obtida ano passado não foi o suficiente para abastecer a indústria ? cuja capacidade é de 275 mil toneladas ? e por isso foi necessário aumentar as importações de cacau para que o setor não sofresse com demissões e fechamento de empresas. Além disso, a associação diz que “sem a medida, o setor teria comprometido seus contratos de exportação com a geração de divisas que o Brasil necessita”.
O insumo importado somou 57 mil toneladas e veio de Gana. O país africano é o único local que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) permite a importação de cacau pelo Brasil. Em nota, a AIPC “reforça que o fato de ter de importar o cacau para abastecer a indústria não é a situação ideal, pois a medida eleva os custos, gera incertezas e a necessidade de afretamento de navios para somente este tipo de carga, além de ser um processo muito mais burocrático”.
O diretor executivo da AIPC, Eduardo Bastos, declarou que se a indústria tivesse que utilizar a capacidade completa de abastecimento, seria necessário importar muito mais. Segundo a associação, isso só não foi necessário porque a demanda pelo cacau no mercado interno não foi tão alta.
Com isso, a indústria de cacau fecha pelo quarto ano consecutivo queda na moagem. O último ano com crescimento foi 2012, quando a produção chegou a 236 mil toneladas. Em 2016, o total alcançou 8% menos, com 217 mil toneladas.
Cacau africano
Gana é o segundo maior país produtor e exportador de cacau do mundo, e a importação do fruto para o abastecimento brasileiro já ocorre há alguns anos. Segundo a AIPC, os produtores rurais têm receio que o cacau chegue contaminado por pragas e doenças. No entanto, o MAPA exigem que o produto recém-chegado no Brasil passe por processos de análise vigentes na regulamentação sanitária. Fonte: Globo Rural