Produtores da África Ocidental Seguram Vendas de Cacau em Aposta por Preços Mais Altos e Agravam Pressão no Mercado

Por: Claudemir Zafalon
Uma estratégia ousada adotada pelos principais produtores mundiais de cacau está movimentando os mercados internacionais. Autoridades reguladoras da Costa do Marfim e de Gana — responsáveis por cerca de 60% da produção global do grão — estão deliberadamente segurando as vendas futuras de cacau, apostando em uma valorização ainda maior dos preços nos próximos meses.

A medida, considerada arriscada por analistas do setor, visa maximizar ganhos em meio a um mercado já tensionado por problemas de oferta, clima adverso e estoques reduzidos. No entanto, a estratégia tem agravado a crise de liquidez nos contratos futuros, gerando volatilidade e incerteza para os compradores e processadores globais.

Na sessão de ontem, o contrato de julho registrou forte oscilação, com preços variando entre US$ 10.410 e US$ 11.007 por tonelada, encerrando o dia em US$ 10.974 — uma alta de US$ 76. Ao todo, foram negociados 12.004 contratos, com um volume total de 25.375 lotes. Apesar da movimentação intensa, o interesse em aberto recuou para 104.984 contratos, refletindo cautela entre os investidores.

Enquanto isso, os estoques certificados nos portos dos Estados Unidos, monitorados pela ICE (Intercontinental Exchange), permanecem estáveis em 2.156.644 sacas — número considerado baixo diante da demanda global crescente e do ritmo de exportações reduzido por parte dos países africanos.

O cenário de instabilidade no mercado de cacau ainda se soma às variações cambiais. O contrato futuro do real frente ao dólar, com vencimento em 31 de junho na bolsa CME, está cotado em US$ 5,665, impactando a competitividade dos exportadores brasileiros no segmento.

Especialistas alertam que, embora a estratégia africana possa se mostrar lucrativa se os preços continuarem em alta, o risco de uma inversão no mercado ou de reação dos compradores pode causar efeitos contrários. “Segurar grãos pode ser eficaz a curto prazo, mas pode prejudicar a previsibilidade e a confiança dos mercados compradores”, afirmou um analista internacional.

Enquanto isso, fabricantes de chocolate e traders permanecem atentos aos desdobramentos, em meio a um dos anos mais voláteis para o setor do cacau nas últimas décadas.

Fonte: mercadodocacau

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