Condições climáticas adversas ameaçam desenvolvimento da safra principal 2025/26 no maior produtor mundial de cacau
Produtores de cacau da Costa do Marfim estão em alerta diante da combinação de chuvas abaixo da média e da chegada de uma onda de frio que pode comprometer o desenvolvimento da safra principal do país, prevista para o período de outubro a março. As preocupações surgem em um momento crucial da estação chuvosa, que oficialmente vai de abril a meados de novembro.
Embora muitos agricultores relatem bom desenvolvimento inicial das lavouras, com frutos jovens ganhando peso, a persistência de céu nublado, baixas temperaturas e escassez de luz solar representam sérios riscos. A falta de radiação solar adequada pode favorecer doenças nas plantações e prejudicar o processo de maturação dos frutos.
“Há uma onda de frio durante o dia e à noite. Se esse tempo persistir em agosto, pode causar a queda das flores e dos pequenos frutos”, relatou Salame Kone, produtor na região oeste de Soubre, onde as chuvas registraram apenas 2,8 mm na última semana — 11,9 mm abaixo da média dos últimos cinco anos.
Nas regiões sul de Agboville e Divo, e na zona leste de Abengourou, o quadro é semelhante: precipitações significativamente inferiores à média histórica e expectativa de que as próximas semanas tragam umidade suficiente e mais incidência solar para evitar perdas maiores.
No centro-oeste, produtores de Daloa, Bongouanou e Yamoussoukro alertam que as chuvas fracas e a nebulosidade persistente estão atrasando o amadurecimento dos frutos e afetando a qualidade dos grãos. Em Daloa, por exemplo, a precipitação semanal foi de apenas 0,9 mm — 18,5 mm abaixo da média.
“Mais sol é necessário para ajudar o cacau”, disse François N’Guessan, agricultor da região central. Ele observa que sem sol suficiente até meados de agosto, os grãos podem não secar adequadamente, o que comprometeria a qualidade da colheita.
As temperaturas médias da semana oscilaram entre 23,9 °C e 26,5 °C — níveis considerados baixos para o período, reforçando o risco de estresse climático nas lavouras.
A Costa do Marfim, responsável por mais de 40% da produção mundial de cacau, vive um momento de atenção redobrada. Após duas safras consecutivas abaixo do esperado, o clima nas próximas semanas será decisivo para consolidar a recuperação ou agravar ainda mais o cenário de oferta global apertada. O mercado internacional acompanha de perto.
Fonte: mercadodocacau com informações reuters


