Por: Claudemir Zafalon
O mercado global de cacau viveu uma sessão de forte volatilidade e alta histórica nesta terça-feira, impulsionado por preocupações crescentes com a safra africana e movimentos técnicos no mercado futuro. O contrato de julho na ICE rompeu a barreira psicológica dos US$ 9.500 por tonelada e chegou a ultrapassar os US$ 10 mil, antes de encerrar o dia cotado a US$ 9.951 – uma alta expressiva de US$ 861 no pregão.
O rali foi alimentado por uma onda de ordens de proteção (“stops”) acionadas após a quebra de uma resistência técnica relevante. Ao mesmo tempo, traders realizaram uma forte cobertura de posições vendidas, impulsionados por relatórios recentes sobre o agravamento das condições climáticas na África Ocidental, região responsável por cerca de 70% da produção mundial de cacau.
Fontes do setor relatam que entre 5% e 6% da safra intermediária apresenta baixa qualidade, o que acendeu alertas em toda a cadeia produtiva e ajudou a intensificar a movimentação nos mercados futuros. As condições adversas de tempo, aliadas à já conhecida fragilidade logística em algumas áreas produtoras, agravam ainda mais a perspectiva de oferta restrita para os próximos meses.
Durante o dia, o contrato de julho oscilou entre uma mínima de US$ 9.126 e a máxima de US$ 10.045. O volume negociado foi robusto, com 12.420 contratos e um total de 36.425 contratos movimentados. O interesse em aberto subiu levemente para 96.967 contratos, sinalizando que novos participantes estão entrando no mercado diante do cenário de incerteza.
Apesar do forte movimento nos preços, os estoques certificados nos portos norte-americanos, monitorados pela ICE, permaneceram praticamente estáveis, em 2.118.551 sacas, indicando que o mercado físico ainda não sentiu, de forma plena, o impacto da possível escassez futura.
Enquanto isso, nos demais mercados, o dólar segue estável frente ao real nos contratos futuros da CME, com a paridade cotada a US$ 5,625 para o vencimento de 31 de junho.
O mercado de cacau, que já vinha tensionado desde o início do ano, entra agora em uma nova fase de volatilidade, com os olhos voltados para a próxima atualização climática na África e os desdobramentos sobre a qualidade da produção. Analistas não descartam que os preços possam testar novas máximas caso o cenário de oferta continue se deteriorando.
Fonte: mercadodocacau
1 Comment
Aqui estamos caminhando pra mais um ano abaixo do nosso potencial produtivo