Na segunda-feira, produtores de cacau na Costa do Marfim relataram que a umidade do solo, beneficiada pelas chuvas recentes, tem favorecido o desenvolvimento da safra intermediária (abril a setembro) nas principais regiões produtoras do país. No entanto, embora este período faça parte da estação chuvosa oficial – que se estende de abril a meados de novembro –, o volume pluviométrico da última semana ficou abaixo da média histórica em diversas áreas, gerando preocupação quanto à qualidade dos grãos.
Em Soubre, região sudoeste, caíram apenas 37,1 mm de chuva na última semana, valor 18,4 mm inferior à média de cinco anos. Situação semelhante foi observada em Agboville e Divo (sul) e em Abengourou (leste), onde os produtores esperam que a combinação de sol e chuvas contribua para manter o crescimento das vagens, mas também alertam para riscos de queda na qualidade dos grãos se o déficit persistir.
“O clima está bom, ainda há vagens suficientes nas árvores e o futuro parece promissor”, comentou Kouassi Kouame, agricultor em Soubre, destacando que, apesar das precipitações abaixo do esperado, o solo ainda mantém boa umidade para o enchimento dos grãos.
Nas regiões centro-oeste de Daloa e centrais de Bongouanou e Yamoussoukro, a chuva registrada foi de apenas 9,1 mm na última semana, 20,8 mm abaixo da média quinquenal. Os produtores dessas áreas enfatizam que o período de junho até o final de julho será decisivo não apenas para a conclusão da safra intermediária, mas também para o início da safra principal.
“Nas próximas semanas, a colheita cairá drasticamente e estaremos observando como o final da safra intermediária e o início da próxima safra principal se desenvolvem”, alerta Albert N’Zue, produtor em Daloa, ressaltando a importância de chuvas regulares para evitar interrupções no fluxo de trabalho e garantir volumes adequados.
Perspectivas climáticas e impacto na produção
A temperatura média semanal no país variou entre 25,7 °C e 29 °C, valores compatíveis com as condições ideais de cultivo. Mesmo com o início promissor da safra intermediária, o risco de insuficiência pluviométrica reforça a necessidade de monitoramento contínuo das previsões meteorológicas e de práticas de manejo que possam mitigar eventuais déficits hídricos.
Analistas da indústria alertam que, caso as chuvas continuem abaixo da média histórica, pode haver redução no rendimento das lavouras e impacto na qualidade do cacau exportado pela Costa do Marfim, atualmente o maior produtor mundial da commodity.
Fonte: mercadodocacau com informações reuters