Em um levantamendo de 2014, o Banco Mundial estimou que, anualmente, de um terço a um quarto dos alimentos produzidos para o consumo humano é perdido ou desperdiçado. Na América Latina, cerca de 15% dos alimentos disponíveis entram na mesma categoria. Dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) apontam que o consumo humano é o segmento em que há mais desperdício, representando 28% do total.
Segundo a FAO, a comida desperdiçada no varejo, que representa 17% do total perdido, poderia satisfazer as necessidades alimentícias de mais de 30 milhões de pessoas que vivem na região, o equivalente a 65% dos indivíduos que sofrem fome. Há diversas práticas para diminuir esse desperdício. A mais indicada delas, de acordo com a ONG Banco de Alimentos, é o chamado Aproveitamento Integral dos Alimentos (AIA).
Para a nutricionista Camila Kneip, coordenadora de Nutrição da Banco de Alimentos, reduzir o descarte de comida depende das mudanças de hábitos nos lares. “Jogar alimentos fora é um hábito tradicional da população brasileira que normalmente não utiliza as partes não convencionais que podem ser aproveitadas para preparar pratos saudáveis e sustentáveis.”
Camila diz que o AIA está associado a ganhos para toda sociedade. Além de auxiliar no combate à fome, a nutricionista aponta apara redução de lixo produzido. “A maior parte do lixo do brasileiro é composta por alimentos, cerca de 65% de nosso lixo é orgânico. Se não tratado, ele gera chorume que polui águas. Este lixo também promove a liberação de gás metano, que pode colaborar com o aumento do efeito estufa e, consequentemente, com alterações climáticas”
Nas receitas preparadas com o conceito de AIA, explica Camila, são utilizadas folhas, cascas, entrecascas, talos e sementes, que possuem alto valor nutricional. “Tudo pode ser aproveitado. O conceito do não desperdício e do AIA pode e deve ser realizado no dia a dia por qualquer pessoa, independentemente da classe socioeconômica.” Para nutricionista, eliminar preconceitos alimentares, como a idéia de que esse tipo de alimentação é somente para população de baixa renda, é essencial para mudança de hábito.
Para os leitores que quiserem iniciar um consumo de forma mais sustentável, separamos algumas receitas e dicas fornecidas pelo Banco de Alimentos para melhor aproveitar os elementos encontrados em cada tipo de comida. Fonte: Globo Rural