Seca deixou 60% da Bahia em situação de emergência

 

Com o Decreto assinado pelo governador Rui Costa, na última sexta-feira (11) incluindo 100 municípios em situação de emergência, subiu para 251 o total de municípios em todo o Estado nessa situação. Isso corresponde a pouco mais de 60% dos 417 municípios da Bahia afetados pela seca, que poupa apenas a faixa litorânea e algumas localidades no Recôncavo, Sul, Extremo Sul e Oeste. 

 

Na última sexta-feira, através do Decreto nº 16.462,  o governador Rui Costa reconhece que a seca prolongada tem provocado danos à subsistência e à saúde da população de diversos , com graves prejuízos às atividades produtivas, principalmente à agricultura e à pecuária. Com o decreto, fica autorizada a mobilização de todos os órgãos estaduais para envidar esforços no intuito de apoiar as ações de resposta ao desastre, reabilitação do cenário e reconstrução.

 

Além do Governo do Estado, o Governo Federal já reconheceu 130 municípios baianos em situação de emergência por causa da seca, dos 151 decretos anteriores. Esses municípios, além da ajuda do Governo do Estado, passam a receber recursos da Defesa Civil Nacional. Com o novo decreto, até a próxima semana nova portaria  deve aumentar o número de municípios que receberão também ajuda do Governo Federal.

 

Além da ajuda do Governo do Estado, os municípios afetados pela seca estão recebendo ajuda do Exército. Através da VI Região Militar, 1.100 carros-pipas estão abastecendo as áreas da zona rural. A VI Região Militar deslocou unidades de cinco batalhões da Bahia, Pernambuco e Sergipe. Da Bahia participam  os 35º Batalhão de Infantaria de Feira de Santana, 19º de Caçadores de Salvador, e o 4º  de Engenharia de Construção de Barreiras. De Pernambuco veio o 72º Batalhão de Infantaria Motorizada de Petrolina, e de Sergipe o 28º Batalhão de Caçadores de Aracaju.


Pior seca

Até a última segunda-feira o Governo do estado tinha emitido decreto emergencial por causa da seca para 151 municípios baianos, dos quais 130 já tinham sido homologados pelo Governo Federal. Com os 100 novos decretos emitidos nesta sexta, publicado no Diário Oficial do estado, sobe para 251, ou 60% dos 417 municípios baianos. 

 

Até a segunda-feira passada eram 1.511 milhão de pessoas afetadas diretamente com a seca, número que pode chegar a aproximadamente dois milhões de habitantes, segundo estimativas da Defesa Civil do Estado, com  mos novos decretos. A esses números, segundo explica o coordenador de Ações Estratégicas da Defesa Civil do  Estado, Paulo Sérgio Menezes, somem-se as localidades que ainda não estão em situação de emergência mas que também já sofrem os efeitos diretos da estiagem prolongada.

 

Considerada uma das piores seca dos últimos 50 anos, a estiagem na Bahia afeta praticamente todo o Semiárido, onde estão 267 municípios do Estado, desde 2013. E as previsões feitas pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) para os próximos meses, indicam chuvas em pelo menos 40% abaixo da média histórica para essas regiões.

 

Segundo explica o coordenador de Ações Estratégicas da Defesa Civil do  Estado, em localidades que antes não passavam por situação semelhante, como os municípios da região Sudoeste, como Itororó e Iguaí, mais próximos do litoral, também vêem os rios e mananciais secarem. “Isso nunca aconteceu com essa intensidade e a gente observa também que é o maior registro do El Niño que se tem notícias”, diz.

 

As previsões do Inmet, feitas até pelo menos a  próxima quarta-feira, indicam que na Bahia ,não deverá ocorrer chuvas. O Inmet diz que o tempo poderá permanecer nublado a parcialmente nublado com possibilidade de chuva em áreas isoladas do leste. Nas demais áreas, parcialmente nublado a claro. E diz mais: a massa de ar quente e seco continua ganhando força, mantendo o céu ensolarado sobre grande parte do Nordeste brasileiro.

 

Baixa umidade, calor e vento forte

 

O Fenômeno El Niño  este ano é considerado o de maior intensidade da história na Bahia. Esse sistema, além de inibir a ocorrência de chuvas, também está contribuindo para manter as temperaturas elevadas em todas as regiões. No entanto, é na faixa centro-norte do Estado, que inclui o Nordeste, Norte e parte do Oeste e São Francisco, onde estão previstos os maiores índices, com temperaturas variando entre 35°C e 39°C, umidade do ar que  tem atingido a 17% e ventos fortes, que contribuem para a ocorrência de incêndios.

 

Nas análises climáticas feitas pelo Instituto Estadual do Meio Ambiente (Inema), publicadas no site da Defesa Civil, consta que as atuais condições de tempo quente, combinada aos baixos índices de umidade do ar e a vegetação já ressecada, aumentam as chances de ocorrer focos de queimadas nessa faixa do Estado. Com isso, refaz-se o alerta quanto à utilização do fogo nas atividades de rotina, como: preparação do solo para o plantio, renovação de pastos, queima de lixos, etc.

 

Na Chapada Diamantina, Sudoeste e faixa centro-sul do Oeste e São Francisco, essa massa de ar também está influenciando o tempo, o que deixa o céu parcialmente nublado a claro. Essa é a mesma previsão para a faixa litorânea, entre o Sul e o Recôncavo baiano. No entanto, a partir do dia 13, uma frente fria que irá avançar pelo Sudeste brasileiro,  somada a umidade vinda da Amazônia, poderá trazer chuvas fracas em algumas localidades do extremo oeste do Estado.

 

Calor

As temperaturas nessas áreas permanecem elevadas, com máximas oscilando de 31°C (no Sul) a 35°C (no Recôncavo), podendo chegar a até 40ºC no Oeste e Chapada Diamantina. Em compensação, são nas áreas serranas da Chapada Diamantina e Sudoeste  (Vitória da Conquista)onde são esperados os menores índices de temperaturas  do Estado, com mínimas de até 18°C, especificamente, durante a madrugada e nas primeiras horas da manhã.

 

Governo compra R$ 500 mil em equipamentos

 

O Governo do Estado, por meio da Secretaria do Meio Ambiente (Sema) e do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), comprou R$ 500 mil em Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para utilização dos brigadistas voluntários que atuam no combate aos incêndios na região da Chapada Diamantina. Parte desse material – que inclui luvas, máscaras, foice, abafadores, mochilas costais, facões, foices, pás, enxadas e fardamento – será entregue para os representantes das brigadas, no grupamento do Corpo de Bombeiro de Lençóis, ontem (13). 

 

Segundo o secretário estadual do Meio Ambiente, Eugênio Spengler, a compra realizada pelo Governo no último sábado (12) busca oferecer melhores condições às pessoas comprometidas com o combate ao fogo na região. “Os equipamentos foram entregues ontem irão substituir os EPI´s perdidos durante o combate ao fogo. Mais EPI´s serão encaminhados para Lençóis no decorrrer da semana”, frisou.

 

“O envolvimento dos brigadistas voluntários é imprescindível para apoiar as demais ações que a Sema e o Inema realizam no combate às queimadas e incêndios florestais”, acrescentou o titular da secretaria. O objetivo, segundo Spengler, é combater a incidência dos focos de calor e a propagação de incêndios florestais registrados durante o período de estiagem, que este ano está durando mais que o normal. 

 

Em vez de chuvas, raios e trovoadas. E com eles surgiram novos focos de incêndios, alguns de grandes proporções, não nas áreas do Parque Nacional da Chapada Diamantina, mas no seu entorno, Segundo as informações da Defesa Civil do Estado,  grandes focos de incêndio estavam ocorrendo ontem nos municípios de Jacobina e Barra da Estiva, além de focos menores em Mucugê, Palmeiras, Ibicoara, Lençois e Pindobaçu.

 

O coordenador de Ações estratégicas da Defesa Civil, Paulo Sérgio Menezes, explicou que aproximadamente 300 voluntários e brigadistas estão atuando nessas regiões, além de  70 soldados do Corpo de Bombeiros de Salvador, Feira de Santana, lençóis e Barreiras. Outros 47 soldados do Corpo de Bombeiros de Brasília deverão se juntar na luta para combater as chamas, a partir de hoje.

 

Além dos bombeiros e brigadistas, seis aviões e dois helicópteros, e três caminhões-pipas auto-bombas do Exército estão auxiliando no combate às chamas que em alguns locais, como no município de Lençóis, chegaram próximas às casas na periferia da cidade. Para hoje também estão sendo aguardada a chegada de mais dois helicópteros e um avião de Brasília.

 

Focos

Depois de ameaçar atingir as casas situadas na periferia da cidade de Lençóis, bombeiros e brigadistas conseguiram ontem controlar o fogo e passaram o de ontem fazendo o rescaldo para evitar que novos focos surgissem. Contudo, os fortes ventos, o calor e a baixa umidade do ar na região fez surgiram três novos focos de incêndios no município de Mucugê, quatro em Palmeiras e uma grande área no município de Ibicoara.

 

Os focos de incêndio próximo à Cachoeira da Fumaça foram debelados na madrugada de  ontem, mas outros focos surgiram com força em Jacobina e Pindobaçu,  fora da área do Parque Nacional da Chapada Diamantina, mas situados no seu entorno, próximos à uma região de exploração de minério. Este é considerado atualmente o maior foco de incêndio na Chapada Diamantina. “Normalmente já era para estar choivendo. Mas as chuvas aqui são apenas de raios e trovoadas, sem água!”, resume o coordenador da defesa Civil. Fonte: Tribuna da Bahia

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