Tensão Política na Costa do Marfim Aumenta Risco para a Colheita de Cacau e Pressiona Mercados Globais

Relatórios regionais apontam crescente instabilidade política na Costa do Marfim, maior produtora mundial de cacau, às vésperas das eleições presidenciais marcadas para 25 de outubro. Segundo a imprensa local, o clima de tensão e as denúncias de repressão a grupos de oposição têm gerado preocupações não apenas políticas, mas também econômicas e setoriais, especialmente no mercado global de cacau.

O presidente Alassane Ouattara, de 83 anos, busca um quarto mandato consecutivo, em meio a um contexto de fragilidade institucional e proibição de manifestações na capital, Abidjan. Fontes locais relatam o avanço de confrontos e bloqueios em regiões produtoras, levantando o temor de interrupções logísticas no escoamento da safra para os portos — um ponto nevrálgico para a indústria internacional de chocolate.

A Costa do Marfim é responsável por cerca de 40% do fornecimento global de cacau, e qualquer instabilidade política tende a gerar repercussões imediatas nas cotações internacionais. A situação se agrava num momento em que o país enfrenta condições climáticas adversas, doenças nas plantações e impactos da mineração ilegal de ouro sobre áreas agrícolas tradicionais.

Embora o governo tenha anunciado recentemente um aumento recorde no preço pago ao produtor, de 2.800 francos CFA/kg, o otimismo do campo é limitado por problemas de qualidade dos grãos e crescentes casos de contrabando para países vizinhos. No mês passado, a Cargill, uma das maiores processadoras de cacau do mundo, teria suspendido temporariamente suas operações na Costa do Marfim, citando “baixo teor de gordura e alta acidez” na última safra intermediária, de acordo com o portal Food Business Middle East & Africa.

Além da deterioração da qualidade, a atividade de moagem caiu 31% em julho, para apenas 39.301 toneladas, segundo dados recentes do setor, ampliando a pressão sobre um mercado que já convive com margens apertadas e custos crescentes.

As tensões políticas remetem à crise eleitoral de 2020, quando protestos violentos deixaram mais de 35 mortos e provocaram o colapso temporário de cadeias logísticas e portuárias, conforme relembra a BBC. Observadores alertam que um cenário semelhante agora poderia paralisar exportações, atrasar contratos e provocar novos choques de oferta nos mercados futuros de Nova York e Londres.

Com as eleições se aproximando, a comunidade internacional e o setor de commodities acompanham atentamente os desdobramentos. Caso a instabilidade persista, o equilíbrio delicado entre oferta e demanda global pode se romper novamente, reacendendo o temor de nova escalada de preços e de interferência nas moagens mundiais — especialmente após um ano de forte volatilidade.

Fonte: mercadodocacau

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