Valorização do Cedi pode reduzir ganhos dos produtores de cacau de Gana, adverte COCOBOD

Nas últimas semanas, o mercado global de cacau tem registrado preços recordes, animando exportadores e produtores. Em Gana, espera-se que o preço pago ao produtor sofra um ajuste significativo para cima em termos de dólares antes do início da próxima safra, como parte de uma estratégia para alinhar os valores locais às cotações internacionais. Contudo, o Conselho de Cacau de Gana (COCOBOD) alerta que a forte valorização do cedi em relação ao dólar pode comprometer os ganhos reais dos agricultores, mesmo com a elevação cambial.

Segundo dados divulgados pelo COCOBOD, o aumento do valor por tonelada de cacau em dólares faz parte dos esforços de alinhamento com o mercado internacional. “Os preços globais estão em patamares historicamente altos, o que normalmente se traduziria em rendas mais elevadas para nossos agricultores”, explicou o CEO do COCOBOD, Dr. Randy Abbey, em entrevista ao PM Express Business Edition.

No entanto, o Dr. Abbey ressalta que, apesar do incremento em dólares, a variação cambial joga contra o produtor local. “A verdade é que estamos convencidos de que o ajuste em dólares vai acontecer. Mas, quando esse valor for convertido para cedis de Gana, você pode não ver nada significativo. Com o cedi se valorizando acentuadamente, os ganhos podem ser reduzidos no momento da conversão”, afirmou.

A valorização do cedi torna menos expressivo o repasse do aumento internacional aos agricultores que recebem na moeda local. Mesmo com o COCOBOD anunciando um reajuste em dólares, boa parte das receitas obtidas com a venda do cacau é convertida imediatamente para cedis, diminuindo o poder de compra dos produtores rurais. Nesse cenário, a alta cambial pode neutralizar os benefícios advindos do boom de preços no mercado externo, reduzindo a vantagem esperada para quem cultiva e vende amêndoas.

O COCOBOD, por sua vez, mantém o compromisso de proteger o bem-estar dos produtores. Segundo o Dr. Abbey, mecanismos já estão sendo avaliados para mitigar os efeitos da valorização do cedi. “Devemos encontrar um equilíbrio. Os agricultores merecem se beneficiar das condições favoráveis do mercado e estamos analisando alternativas que garantam que o preço final ao produtor reflita tanto as tendências globais quanto as realidades domésticas”, acrescentou o executivo.

O mercado de cacau acompanha com atenção as projeções de oferta e demanda para a próxima safra em Gana. Embora os preços internacionais continuem elevados, a situação cambial impõe cautela ao planejamento de custos e à estimativa de lucro pelos agricultores. Caso o cedi mantenha sua força de valorização, os produtores poderão enfrentar margens mais apertadas, mesmo com o aumento do valor por tonelada pago em dólares.

Analistas apontam que o balanço entre preços internacionais, cotações cambiais e custos de produção deverá ditar o grau de rentabilidade dos produtores ganenses nos próximos meses. Além disso, a ação do COCOBOD para implementar mecanismos de proteção—seja por meio de subsídios, taxas de câmbio fixas ou outras medidas de compensação—será crucial para assegurar que o reajuste em dólar seja traduzido em ganhos reais aos agricultores.

Embora o mercado global de cacau ofereça perspectivas promissoras para Gana, a valorização do cedi representa um desafio adicional aos produtores locais. O COCOBOD reconhece que os ganhos em dólar podem não ser plenamente percebidos em cedis devido à alta cambial, e já estuda alternativas para garantir que o ajuste de preços beneficie efetivamente quem cultiva o principal produto de exportação agrícola do país. A evolução dessa dinâmica cambial será determinante para definir o grau de prosperidade da próxima safra para os pequenos e médios produtores de cacau ganenses.

Fonte: mercadodocacau com informações myjoyonline

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